Nos últimos três anos, a Dasa vem tentando ir além do mercado de medicina diagnóstica ao investir na criação de um ecossistema de saúde completo. Essa jornada tem agradado a XP Investimentos, que acredita que chegou o momento de investir nas ações da empresa, diante das suas perspectivas de crescimento.
Em relatório que marca o início da cobertura da companhia, os analistas Rafael Barros e Marcella Ungaretti recomendaram a compra das ações da empresa. Mesmo com o papel acumulando queda de 63,1% no ano, os analistas estabeleceram um preço-alvo de R$ 20,80, o que representa um potencial de alta de 58,2% ante o patamar atual da ação.
Para a dupla, o fato de a Dasa ter a maior rede de unidades de atendimento do País, com participação de mercado superior a 16%, e também estar se estabelecendo nos segmentos hospitalar e oncológico torna a empresa um player forte no setor de saúde.
O ponto dos hospitais é relevante, segundo a XP. Desde o fim de 2019, quando a Dasa anunciou a fusão com a Ímpar, rede de hospitais que pertence à família Bueno, principal acionista da empresa de diagnóstico, a área de hospitais e oncologia cresceu. A divisão passou a ter 15 hospitais até março, dos seis que tinha, com o número de leitos indo de 1,5 mil para 3,5 mil.
Isso permite a manutenção dos pacientes dentro da rede, garantindo a recorrência em patamares elevados. O relatório aponta que 78% dos pacientes “regulares” e 93% daqueles com doenças crônicas voltam a utilizar os serviços da Dasa em até 36 meses desde a visita inicial.
“Consideramos isso como um diferencial, dado que a empresa consegue manter os pacientes dentro da rede durante toda a jornada, proporcionando uma melhor experiência, diminuindo custos para as fontes pagadoras e rentabilizando uma parcela maior da receita”, diz trecho do relatório.
Os analistas citam ainda a adoção pela Dasa de modelos de saúde baseada em valor, que permitem um melhor alinhamento de risco entre os diversos elos da cadeia de valor. Para eles, muitas operadoras tendem a dar preferência para a empresa por conta dessa postura, diante do esforço da companhia para oferecer diagnósticos precisos.
“Com as operadoras enfrentando dificuldades para aumentarem as margens e se tornarem financeiramente saudáveis após a pandemia de Covid-19, essa iniciativa da Dasa em saúde baseada em valor pode garantir vantagens no relacionamento com os pagadores”, diz um trecho do relatório.
Olhando à frente, os analistas da XP afirmam que há bastante espaço para a Dasa expandir suas margens, com a expansão de unidades existentes, captura de sinergia de aquisições, considerando que os processos de integração ainda estão em andamento, e diluição de despesas pelo crescimento da receita.
“Esperamos que a margem Ebitda ajustada aumente mais de 6 pontos percentuais. entre 2022 a 2027, para 24,1%”, diz trecho do relatório.
Eles estimam ainda que o Ebitda apresente uma taxa de crescimento anual composto (CAGR, na sigla em inglês) de 22% entre 2022 a 2024.
No curto prazo, porém, a Dasa terá de lidar com os efeitos de uma alavancagem financeira elevada, provocada pelo plano de expansão. A XP estima que a relação entre a dívida líquida e o Ebitda fechará 2022 em 5,1 vezes, acima do nível visto pela maioria de investidores e analistas como aceitável para uma empresa, de 3,0 vezes.
“A companhia levantou um montante alto de dívida para financiar seus planos de expansão”, diz trecho do relatório. “Além disso, estamos em um ambiente de juros altos, o que significa que as despesas financeiras podem pressionar ainda mais os resultados da companhia.”
No ano passado, a Dasa levantou R$ 3,3 bilhões em um follow on, num momento em que o mercado estava favorável para operações na Bolsa. Com os juros em alta, fica mais difícil para a companhia realizar algo semelhante.
Por volta das 12h50, as ações da Dasa recuavam 2,20%, a R$ 12,45. O valor de mercado soma R$ 6,9 bilhões.