Na noite de ontem, dia 17 de outubro, após o fechamento do mercado, a Natura &Co divulgou um fato relevante informando que seu board autorizou a diretoria a realizar um estudo para analisar duas opções para a Aesop, marca de cosméticos australiana pertencente ao grupo: um spin-off ou um IPO.

O destino a ser escolhido para operação ainda é incerto. Mas já há quem estime o resultado dessa equação. É o caso do BTG Pactual. Em relatório publicado nesta terça-feira, 18 de outubro, o banco projeta que a Aesop pode valer R$ 9 bilhões, na prática, a metade do valor da Natura na data de ontem, de R$ 17,8 bilhões.

Essa cifra foi, inclusive, turbinada com o anúncio da segunda-feira. Depois de dispararem mais de 15% na abertura do pregão de hoje de 15%, as ações da Natura encerraram o dia cotadas a R$ 14,24 e alta de 9,62%, o que conferiu um valor de mercado de R$ 19,5 bilhões à empresa.

“Embora a estrutura final da Aesop ainda não esteja clara, esperamos que essa potencial mudança desbloqueie valor para os acionistas da Natura (e uma reação positiva nos próximos dias”, escreveram os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Victor Rogatis, do BTG, que têm recomendação neutra para o papel e preço-alvo de R$ 18 para a ação.

Para fechar a conta da projeção do valuation da Aesop, o trio partiu da receita reportada pela operação em 2021, de R$ 2,6 bilhões, e do Ebitda apurado no período, de R$ 622 milhões.

“Como um exercício, pegando a média de 15 vezes o EV/Ebitda (valor total da empresa dividido pelo Ebtida) estimado para 2022 para players globais de cosméticos listados, isso implicaria em um valor de R$ 9 bilhões para a Aesop”, pontuaram os analistas.

A Aesop foi comprada no fim de 2012 pela Natura, como parte do plano do grupo brasileiro de criar uma plataforma global de marcas de cosméticos. Essa mesma estratégia esteve por trás das aquisições da The Body Shop e da Avon.

Entretanto, a complexidade de integrar esses ativos frustrou a abordagem da Natura, que agora busca alternativas para reestruturar suas operações e recuperar o prumo.

“Nós saudamos os esforços da gestão para simplificar sua estrutura diante do cenário adverso e reconhecer que um potencial desinvestimento ou uma capitalização adicional de ativos pode ser um gatilho significativo para desbloquear valor”, destaca o BTG, em outro trecho do relatório.

Os analistas acrescentam, porém, que essas opções ainda são incertas e que, em termos de fundamentos, as perspectivas da Natura &CO seguem desafiadoras no curto prazo, com margens pressionadas e indicadores fracos.