No próximo domingo, Viviane Martins, CEO do Grupo Falconi, viaja para Lisboa, onde será uma das palestrantes do Web Summit. Em outra conexão, a empresa será a patrocinadora Diamond da 1ª edição do evento - um dos principais no mapa global de inovação - na América Latina, em maio de 2023, no Rio de Janeiro.
Essas duas passagens são mais uma etapa na agenda de transformação da consultoria de gestão fundada por Vicente Falconi, guru de empresários do calibre de Jorge Paulo Lemann, Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles.
Para se firmar como uma consultech, a Falconi embarcou numa jornada guiada por tecnologias como inteligência artificial e investimentos em novos negócios e startups. Nesse itinerário, além de reforçar essas frentes, uma das próximas escalas será também no exterior, com um escritório nos Estados Unidos.
“Nós temos acelerado em direção a um modelo onde o digital é o grande combustível”, diz Martins, ao NeoFeed. “Essa transformação passa por pilares como tecnologia, cultura, metodologias ágeis e colaboração. E o Web Summit é um celeiro de tudo o que estamos falando.”
Essa virada começou a ganhar velocidade em outubro de 2018, quando Martins assumiu como CEO da Falconi. De lá para cá, a consultoria traçou um caminho para ir além do método de gestão PDCA (do inglês Plan, Do, Check, Act), disseminado por seu fundador. O grupo adicionou algoritmos e tecnologias a essa sigla e passou a perseguir um modelo mais próximo de consultorias como as americanas Accenture e McKinsey.
A estratégia também incluiu novos negócios, produtos e spin-offs como a FRST, plataforma B2B de educação; a Actio, de sistema na área de RH; a Dayway, de software como serviço de gestão de rotinas; e a MID, braço digital de consultoria para empresas de médio porte.
“Temos investido na adoção intensiva de inteligência artificial e de analytics”, diz Martins, que dá uma medida desse uso massivo de dados. “Saímos de uma média de cinco meses para seis semanas nas primeiras entregas dos projetos.”
Uma das próximas novidades nessa esteira é voltada à gestão hospitalar e foi desenvolvida em parceria com a startup Exímio. Batizada de H:Data e com lançamento no início de 2023, a solução vem sendo testada em um projeto-piloto com cinco hospitais do Centro-Oeste, incluindo duas unidades da Unimed.
“Todos os nossos produtos estão seguindo o conceito de plataforma. Começamos com um chassi e vamos agregando outras áreas”, explica Martins. “Nesse caso, a solução nasce voltada à prescrição e atendimento dos pacientes, com menor custo.”
Há produtos no forno da Falconi voltados à gestão de cadeia de fornecedores, além de uma solução dedicada ao varejo. Essa última, batizada de Spot, busca fornecer dados para ampliar vendas com um nível menor de estoque.
A ampliação do portfólio também ilustra as mudanças na Falconi. Dentro de casa, esse processo envolve um time de tecnologia que saiu de um quadro de 50 profissionais, há dois anos, para uma equipe de 150 pessoas, mais de 10% dos 1,2 mil funcionários do grupo.
Cada vez mais, essa equipe trabalha a quatro mãos com startups que compõem um ecossistema mapeado pela Falconi, formado por cerca de 350 empresas. É também nesse aquário que o grupo vem pescando oportunidades para o seu braço de corporate venture capital, que começou a ser estruturado há três anos.
Nessa direção, a Falconi reforçou recentemente esse portfólio de startups sob o seu guarda-chuva. Em setembro, a empresa fez um investimento – não revelado – na Minehr, startup da área de recursos humanos.
O aporte foi acompanhado do lançamento de uma plataforma batizada de DAHDOS. Entre outros recursos, ela gera insights que ajudam as empresas a reduzir a rotatividade e reter profissionais.
“Além da inteligência artificial, blockchain e mineração de processos são duas tecnologias que nós elegemos como prioritárias nessa tese do CVC”, diz Martins. “E não há uma regra fechada. Há situações que entraremos como majoritários e outras como minoritários, mas já prevendo buscar o controle da operação.”
Escala internacional
Nesse olhar para “fora de casa”, uma das próximas paradas no roteiro inclui uma escala internacional. De Portugal, Martins irá embarcar para Chicago onde o grupo irá inaugurar, em 8 de novembro, seu primeiro escritório nos Estados Unidos.
“Essa operação era incipiente, atendíamos clientes com alguma relação com o Brasil, via exportações", diz Martins. “Estamos montando um time local, com 30 pessoas para atender empresas americanas, pois entendemos que já temos bagagem e o digital vai ajudar a escalar essa oferta.”
O foco inicial estará nos setores de manufatura, supply chain, operações e logística. Também há novidades em curso no México, país que sedia o outro escritório internacional do grupo.
Por lá, a Falconi iniciou um projeto-piloto em setembro com uma versão localizada da MID, sua divisão voltada a médias empresas. No Brasil, essa unidade já atende cerca de 130 clientes e acaba de encorpar seu portfólio com o lançamento de uma plataforma de educação voltada aos profissionais dessas companhias.
“No prazo de três a cinco anos, a estimativa é de que a operação internacional responda por cerca de 20% a 25% da nossa receita”, conta Martins. Em 2020, último dado público, a Falconi faturou R$ 261,5 milhões. “Já no caso do digital, a projeção é de que essa frente represente 30% do nosso negócio até 2025.”