A Tesla vai divulgar seu balanço do quarto trimestre e do ano de 2024 nesta quarta-feira, 29 de janeiro, após o fechamento do mercado. Mas a gigante americana já teve uma prévia – nada positiva – da reação do mercado, que, muito além dos indicadores, está preocupado com as agendas do CEO Elon Musk.
Antes de reportar seus resultados, a empresa recebeu, como de costume, uma série de perguntas de investidores em seu fórum online. E, em muitas delas, foi questionada sobre como o envolvimento cada vez maior do bilionário com a política e a Casa Branca pode prejudicar a companhia de carros elétricos.
“Como a empresa lida com as relações com o consumidor quando seu CEO é um canhão solto?”, destacou um deles. “Como a Tesla pode me fazer sentir que meu investimento vale a pena quando seu CEO está fazendo aquela saudação com a bandeira dos Estados Unidos atrás dele?.”
A pergunta foi endossada por 104 investidores da Tesla, segundo o portal americano Business Insider. E fez uma referência direta ao gesto feito por Musk durante a posse de Donald Trump, na semana passada, que foi interpretado por muitos como uma saudação nazista.
“Você pode se desculpar pelo mal-entendido que ocorreu quando você fez o gesto de mão agradecendo às pessoas pelo apoio? Isso seria muito útil para seus investidores e para o público americano em geral. Obrigado antecipadamente, Elon!”, observou mais um investidor.
Segundo a rede americana CNBC, outros investidores também perguntaram se a Tesla perdeu vendas em função das atividades políticas de Musk e como a empresa está lidando com os impactos negativos das opiniões e atividades públicas do empresário.
Uma pesquisa da consultoria Brand Finance mostrou que o valor da marca Tesla caiu 26% em 2024. Entre os possíveis fatores apontados para essa queda está justamente a postura de Musk na política, além da linha “envelhecida” de carros elétricos da empresa.
O papel desempenhado pelo empresário no novo mandato de Trump e o quanto isso pode afetar – ou já vem impactando - o tempo que o bilionário dedica, de fato, à companhia foram mais alguns dos pontos colocados em xeque no fórum.
Depois de participar ativamente da campanha e de doar US$ 270 milhões para Trump e outros candidatos republicanos, Musk foi nomeado assessor especial no recém-criado Departamento de Eficiência do Governo (DOGE).
Após a eleição, ele passou um tempo afastado da Tesla no resort do novo mandatário americano na Flórida. E agora, com o novo cargo, está estabelecido em Washington, bem longe das instalações da Tesla nos Estados Unidos.
“Quanto tempo Elon Musk dedica ao crescimento da Tesla, a resolver problemas de produtos e à geração de valor para os acionistas comparado aos seus compromissos públicos com Trump, DOGE e atividades políticas?”, questionou um investidor de varejo, que acrescentou: “Você acredita que ele está dando à Tesla o foco que ela precisa?.”
O fato é que os questionamentos acontecem em um momento desafiador para a Tesla que, no início do ano, ao anunciar a prévia dos resultados de 2024, anunciou sua primeira queda anual nas vendas. No ano, a empresa entregou 1,79 milhão de carros, contra 1,81 milhão em 2023.
À parte da agenda política de Musk, os investidores também reservaram espaço para outros questionamentos. Nessa ponta, o principal tema foi o pedido de mais detalhes para o projeto de robotáxi anunciado – com poucas informações - pela empresa em outubro de 2024.
As ações da Tesla estavam sendo negociadas com ligeira queda de 0,85% na Nasdaq por volta das 9h35 (horário local), cotadas a US$ 394,70. A companhia está avaliada em US$ 1,26 trilhão e seus papéis têm uma desvalorização de 2,2% em 2025.