Ken Griffin, fundador do fundo de hedge Citadel, com US$ 54 bilhões em ativos sob gestão, criticou duramente os órgãos reguladores dos Estados Unidos pelo pacote de resgate do Silicon Valley Bank (SVB) após o colapso do banco, na sexta-feira, 10 de março.

“Os EUA deveriam ser uma economia capitalista, e isso está desmoronando diante de nossos olhos”, disse Griffin em entrevista publicada pelo jornal britânico Financial Times. “Houve uma perda de disciplina financeira com o governo resgatando totalmente os depositantes.”

O SVB foi fechado pelos reguladores dos EUA depois que os clientes correram para sacar US$ 42 bilhões - um quarto de seus depósitos totais - em meio às tentativas fracassadas do banco, que tinha startups e fundos de investimentos em tecnologia como clientes-alvo, para levantar novo capital.

O documento que oficializou a operação de resgate do SVB foi assinado por Janet Yellen, secretária do Tesouro Nacional; Jerome Powell, do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA); e Martin Gruenberg, do Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), e veio a público no fim de semana.

Os órgãos reguladores dos EUA prometeram proteger todos os depositantes no SVB – mesmo aqueles com saldos acima do limite de seguro federal, de US$ 250 mil.

O bilionário fundador do Citadel, dono de uma fortuna pessoal avaliada em US$ 32,8 bilhões, ressaltou que a força da economia americana indica que o governo dos EUA não precisava tomar medidas tão enérgicas.

“Teria sido uma grande lição moral sobre risco”, disse ele. “As perdas para os depositantes teriam sido imateriais e teriam deixado claro que o gerenciamento de risco é essencial.”

Segundo Griffin, a economia americana está em pleno emprego, as perdas de crédito foram mínimas e os balanços dos bancos atuais são os mais fortes de todos os tempos.

Neste sentido, apontou, seria possível abordar a questão do risco moral a partir de uma posição de força. “O regulador agiu com se estivesse dormindo ao ao volante”, disse.

As críticas de Griffin contrastam com o apoio aos órgãos reguladores manifestado por Bill Ackman, fundador e CEO da gestora Pershing Square Capital Management, outra gigante do setor financeiro.

Em post no Twitter, Ackman pediu que a Federal Deposit Insurance Corporation “garantisse explicitamente todos os depósitos agora”, alertando que “horas importam”. Segundo ele, “nossa economia não funcionará efetivamente sem nossa comunidade e sistema bancário regional”.