Os resultados da Localiza & Co no quarto trimestre de 2023 foram bem recebidos pelos investidores, a julgar pelo desempenho das ações, que iniciaram o pregão de terça-feira, 12 de março, entre as maiores altas do Ibovespa.
Por volta das 14h45, os papéis subiam 1,9%, a R$ 53,31 e desaceleraram os ganhos. No ano, elas acumulam queda de 16,5%, levando o valor de mercado da Localiza a R$ 57,1 bilhões.
Mesmo com essa "resposta" das ações, os analistas que acompanham a empresa não se mostraram totalmente satisfeitos com o desempenho da companhia de locação. Embora tenham visto desempenho favorável na parte de aluguel de carros, os relatórios destacaram como ponto negativo o segmento de seminovos, levando a um veredito final de “resultados mistos”.
Os analistas destacaram que a margem Ebitda da divisão veio negativa em 1,7%, excluindo as alterações contábeis dos custos de preparação que foram realocados de seminovos para as divisões de aluguel no período. O Bank of America (BofA), por exemplo, esperava uma margem positiva de 1%, enquanto a Ativa Investimentos estimava algo próximo a zero.
Segundo a Localiza, essa margem reflete o cenário mais desafiador de venda de carros, em contexto de menor poder de compra do consumidor, altas taxas de juros para financiamentos e crédito ainda restrito, somados ao mix de carros com maior quilometragem.
Em meio à melhora da economia, com a queda da taxa de juros sendo o principal fator, os executivos da companhia entendem que o cenário para 2024 pode ser mais positivo do que foi no ano passado.
“A venda de seminovos continua avançando”, afirmou Bruno Lasansky, CEO da Localiza, na teleconferência de resultados. “Vemos fatores construtivos, com os mercados de carros novos e usados apresentando crescimento no primeiro bimestre.”
A grande dúvida é se os preços praticados no mercado ajudarão na melhoria da margem, diante dos impactos da depreciação. Segundo o BofA, com a principal preocupação do mercado sendo uma queda adicional nos preços dos automóveis no País, tanto em timing quanto em magnitude, “acreditamos que os resultados do quarto trimestre agregam incerteza à tese de investimento”.
“Além disso, a Localiza comprou 107,5 mil carros no quarto trimestre (13% a mais frente às estimativas do banco), o que pode se tornar uma preocupação caso os preços dos carros caiam ainda mais nos próximos meses”, diz trecho do relatório.
Segundo Lasansky, ainda não é possível dizer qual é a tendência de curto prazo para dinâmica de preços, considerando questões sazonais envolvendo estoques das montadoras, maiores neste começo de ano. “Não arriscamos cravar que tem tendência neste momento”, disse. “Estamos monitorando com bastante cautela.”
A tendência de preços é importante no momento em que a Localiza busca rejuvenescer sua frota, depois que a pandemia fez com que muitos carros fossem retidos. A idade média da frota é de cerca de 26 meses, sendo que a média histórica varia entre 14 e 15 meses.
Parte da estratégia da Localiza para vender os carros passa por expandir a rede de vendas, um dos pontos-chave da companhia para 2024, em meio ao cenário de incerteza acerca do valor residual dos carros. Outras medidas envolvem precificação do aluguel para recomposição dos níveis de retorno, otimização do portfólio de segmentos e disciplina na alocação de capital, gestão eficiente de custo e produtividade da frota.
A Localiza informou ter aberto 29 novas lojas no ano passado, fechando o ano com 215 unidades. Lasansky afirmou que o plano envolve abertura de lojas tanto em cidades que opera quanto em novas localidades. “As lojas que temos aberto estão evoluindo conforme o planejado”, afirmou.
A Localiza fechou o quarto trimestre com um lucro líquido de R$ 705,6 milhões, alta de 59,1% em relação ao mesmo período de 2022. A receita líquida avançou 34,4%, para R$ 7,9 bilhões, enquanto o Ebitda cresceu 40,1%, a R$ 2,9 bilhões.
No acumulado de 2023, o lucro líquido caiu 2,1%, para R$ 1,8 bilhão, com a receita avançando 62,5%, para R$ 28,9 bilhões, e o Ebitda subiu 59,7%, para R$ 10,5 bilhões.
A dívida líquida da companhia somou R$ 29,2 bilhões ao final do ano, acima dos R$ 2,6 bilhões de 2022. A alavancagem financeira fechou o ano em 2,78 vezes, enquanto a relação entre dívida líquida e frota foi de 0,56 vez.