O candidato republicano Donald Trump teve sua vitória confirmada na eleição presidencial dos Estados Unidos há pouco mais de 24 horas. Mas, ao que tudo indica, já há quem aguarde ansiosamente pelos próximos capítulos nesse seu retorno à Casa Branca.

Essa é, pelo menos, a expectativa do setor de mídia nos Estados Unidos, segundo uma reportagem publicada pelo portal americano Axios, que projeta um ambiente muito mais favorável às fusões e aquisições nessa indústria sob o governo do “novo” mandatário.

Os M&As têm sido vistos como a tábua de salvação para muitas empresas tradicionais do segmento, em meio aos desafios estruturais desse mercado. Entretanto, na administração de Joe Biden, esses acordos vêm encontrando fortes barreiras para serem concretizados.

Essa resistência tem se traduzido, em particular, nas figuras de Lina Khan, presidente da Federal Trade Commission (FTC) e de Jonathan Kanter, chefe da área de antitruste do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. A dupla vem tentando impedir a conclusão de uma série de transações.

Com a mudança de governo, é quase certo que Trump irá substituir os líderes de diversas agências reguladoras dos Estados Unidos. E que, no topo dessa lista, devem estar justamente a FTC e o Departamento de Justiça.

Nesse cenário, embora Lina Khan, por exemplo, possa potencialmente concluir seu mandato na FTC – que se estende até 2028 -, ela provavelmente não estaria mais no cargo de presidente da comissão a partir da troca na Casa Branca.

“Isso pode trazer um ritmo de mudança e uma oportunidade de consolidação bem diferente, o que proporcionaria um impacto positivo e acelerado que é necessário nesta indústria”, afirmou David Zaslav, CEO da Warner Bros. Discovery, na teleconferência de resultados da empresa nesta quinta-feira.

A Warner Bros. Discovery é um dos players do setor que vinham avaliando a separação de seus negócios tradicionais de sua operação de streaming. Mas, diante desse cenário mais restrito, o grupo optou por vender ativos menores, segundo o jornal britânico Financial Times.

Quem também está considerando a alternativa de separar suas operações – nesse caso, os ativos de TV a cabo, em uma empresa listada – é a Comcast. Sob o governo de Trump, esse poderia ser o destino para os negócios de cabo de outras companhias.

Outro negócio, até aqui complexo, que poderia ganhar sinal verde nesse cenário é a compra da Paramount pela Skydance. Pai do CEO da Skydance, David Ellison, o bilionário Larry Ellison, fundador da Oracle, que está investindo a maior parte do dinheiro no acordo, é um apoiador de Trump.

Existem, porém, alguns indicativos de que esse contexto poderia não ser, de fato, tão favorável aos acordos no setor. No primeiro mandato de Trump, o Departamento de Justiça, por exemplo, passou dois anos tentando bloquear o acordo entre a AT&T e a Time Warner.

Ao mesmo tempo, o vice-presidente eleito J.D. Vance tem se manifestado surpreendentemente a favor de Khan, a presidente do FTC. E, mesmo que ela seja substituída, há quem o veja como um possível defensor de uma forte regulamentação antitruste, especialmente no que diz respeito às big techs.

Uma outra transação, em curso já há um bom tempo, e que pode avançar para um final feliz sob o novo governo é o acordo entre a PGA Tour, que organiza o golfe profissional nos Estados Unidos, e o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF).

Praticante do esporte, Trump já afirmou anteriormente que é a favor de um acordo que uniria a PGA Tour e a LIV Tour, apoiada pelo PIF, uma tacada que encerraria um longo processo de dois anos para concluir a transação.