Durante muito tempo, Michael Dell teve que se acostumar a lidar com investidores. Foi assim que o empresário conseguiu construir a empresa de tecnologia que leva seu sobrenome e que atualmente está avaliada em mais cerca de US$ 58,1 bilhões. Agora, Dell resolveu se sentar do outro lado da mesa de negociação.
Dono de uma fortuna estimada pela Bloomberg em US$ 85,2 bilhões, Dell está investindo um valor não divulgado na 5C Investment Partners, gestora de crédito privado criada por dois executivos com passagens pelo Goldman Sachs. O aporte está sendo feito através do family office DFO Management.
Além do investimento direto na 5C Investment Partners, o family office de Dell irá também fazer uma alocação de capital no primeiro fundo de investimento da gestora que pretende empresar dinheiro para negócios de porte médio e grande, segundo o Financial Times.
Por trás da 5C Investment Partners estão Tom Connolly e Mike Koester. Ambos são considerados executivos de peso no mercado bancário e eram nomes importantes dentro do Goldman Sachs. A dupla ganhou destaque ao ajudar na captação de recursos para veículos de investimento durante a crise econômica de 2008.
Koester era um dos presidentes da divisão de investimentos alternativos do Goldman Sachs, enquanto Connoly liderava a equipe de finanças de negócios alavancados do Goldman Sachs.
A relação de Dell com o Goldman Sachs não é nova. O próprio family office que está investindo na 5C Investment Partners é comandado por um ex-Goldman. No caso, Gregg Lemkau. Ele assumiu o comando do family office após passar mais de 28 anos no banco americano.
Crédito privado tem se tornado também cada vez mais atrativo no mercado americano, uma vez que as taxas de juros no país aumentaram. No fim de janeiro, o Federal Reserve manteve a taxa de juros de 5,25% a 5,50% no país.
Ao mesmo tempo, houve um recuo nos empréstimos corporativos cedidos pelos grandes bancos. Esse desequilíbrio entre oferta e demanda abriu espaço para credores privados, tais como Ares Sixth Street, HPS Investment Partners e Blackstone. A 5C Investment Partners quer ingressar neste grupo.
Esse não é o primeiro investimento do family office de Dell em gestoras. Em 2016, a DFO Managment aportou a operação da Owl Rock Capital, que posteriormente mudou seu nome para Blue Owl Capital e que também é especializada em empréstimos para companhias de médio porte nos EUA.
A DFO Management nasceu em 1998 como MSD Capital, mas foi reestruturada ao fim de 2022. Sob a estrutura antiga, o family office investiu em diferentes setores. A atuação vai desde plataformas de investimento, até empresas de delivery, biotecnologia e computação quântica. Até o futebol entrou no portfólio.
Um exemplo dessa diversificação foi a rodada de US$ 800 milhões captada pela fintech GoodLeap, que financia a instalação de projetos de energia solar em residências nos Estados Unidos. A rodada foi liderada pela gestora de Dell e contou com a participação dos fundos BDT Capital Partners e Davidson Kempner Capital Management.
E a Dell?
Com previsão de divulgar seus resultados do quarto trimestre e do consolidado do ano passado no fim de fevereiro, a fabricante de produtos de tecnologia Dell vem em ritmo positivo na bolsa de valores. As ações da fabricante de computadores subiram mais de 10% desde janeiro.
Avaliada em US$ 58,5 bilhões, a ação da Dell está sendo negociada próxima de sua máxima histórica, de US$ 86,20, atingindo em 29 de janeiro deste ano. Nesta terça-feira, 20 de fevereiro, cai 1,70% às 17h50, cotada a US$ 82,81.
No terceiro trimestre de 2023 (dado mais atual) a companhia reportou receita de US$ 22,3 bilhões (queda de 10% ante o mesmo trimestre de 2022) e lucro de pouco mais de US$ 1 bilhão, um aumento de 317% ante o mesmo período de 2022.
Em seu guidance, a Dell informou que projeta que sua receita iria crescer entre 3% e 4% nos próximos trimestres e que o lucro ajustado aumentaria ao menos 8% por ano.