Agora foi a vez da Microsoft. A big tech cofundada por Bill Gates anunciou nesta segunda-feira, 12 dezembro, a compra de uma fatia de 4% da London Stock Exchange Group (LSEG), a bolsa de valores londrina.

Avaliado em US$ 2 bilhões, o negócio prevê a migração dos dados da LSEG para a Azure, a plataforma de nuvem da Microsoft, e envolve ainda uma parceria estratégica, que inclui uma nova infraestrutura de dados e soluções de análise e modelagem para a bolsa de Londres.

Prevista para durar, inicialmente, dez anos, a parceria entre Microsoft e LSEG começou a ser esboçada há cerca de um ano. O acordo também garante à companhia de tecnologia uma cadeira no conselho da bolsa de Londres.

“Os avanços nas tecnologias de nuvem e de inteligência artificial transformarão profundamente a maneira com as quais as instituições financeiras pesquisam, interagem e realizam transações em classes de ativos”, afirmou Satya Nadella, presidente e CEO da Microsoft, em comunicado sobre a transação.

Na nota a respeito do acordo, David Scwimmer, CEO da bolsa inglesa, definiu a parceria como um “marco significativo da jornada da LSEG para se tornar a principal infraestrutura global de mercados financeiros e negócios de dados”.

A LSEG é um dos maiores provedores de dados e infraestrutura financeiros. Com um valor de mercado de aproximadamente US$ 52,2 bilhões, a instituição está por trás, por exemplo, da bolsa de valores italiana.

Como é de praxe nos contratos de infraestrutura em nuvem, a LSEG se comprometeu a gastar, durante a vigência do acordo, US$ 2,8 bilhões, no mínimo, durante a vigência da parceria com a Microsoft.

A aproximação da Microsoft com a LSEG é mais um exemplo de um movimento no qual as gigantes globais de serviços de computação em nuvem vêm estreitando laços com empresas do setor financeiro –o que é visto com apreensão pelas agências reguladoras.

No mês passado, a União Europeia endureceu as regras para o uso de serviço de nuvem pelas instituições financeiras. O Reino Unido seguirá a mesma linha.

O temor é o excesso de confiança das bolsas, bancos e seguradoras nos poucos provedores de computação em nuvem – além da Microsoft, Google, Amazon e IBM. Caso algum dos serviços sofra alguma falha, como um ataque cibernético, o impacto será enorme, com repercussão em sistemas financeiros do mundo todo.

Em novembro, o Google investiu US$ 1 bilhão na americana CME Group, a maior bolsa de derivativos do mundo. No mesmo mês, a Amazon e a Nasdaq também firmaram parceria.

Com acordos que envolvem outros formatos, no Brasil, a B3 também vem se aproximando e se associando com empresas locais de tecnologia. A princípio, esses acordos não estão ligados a companhias de oferta de infraestrutura na nuvem.

Em julho de 2021, por exemplo, a Totvs anunciou a criação da Dimensa, uma joint venture com a B3, em que a bolsa brasileira entrou como sócia minoritária e com um aporte inicial de R$ 600 milhões. A empresa atua com produtos e serviços financeiros no segmento B2B.

Três meses depois, em outro movimento, a B3 desembolsou R$ 1,8 bilhão na aquisição da Neoway, empresa de Santa Catarina com um portfólio nas áreas de big data e de analytics.