A Buena Vista está encerrando a fase de captação inicial para o lançamento do ETF QQQQ11 na B3. O fundo será o quinto a ser listado na bolsa brasileira pela gestora brasiliense, com R$ 250 milhões sob gestão, e seguirá um índice de referência composto pelas ações mais voláteis do americano Nasdaq-100.
O índice utilizado será o Nasdaq High Beta, desenvolvido em parceria com a bolsa dos Estados Unidos. O ETF, com lançamento previsto na bolsa brasileira para quinta-feira, 19 de dezembro, será o primeiro do mundo a usar esse índice como referência. A previsão é de que o ETF tenha uma captação inicial de R$ 5 milhões a R$ 10 milhões.
Por ser composto por ações de alta volatilidade, o QQQQ11 tende a apresentar ganhos superiores ao Nasdaq-100 em momentos de alta do mercado e quedas mais acentuadas em períodos de baixa. O fundo, contudo, não utiliza alavancagem, proibida para ETFs no Brasil.
Entre os principais ativos de maior volatilidade que compõem o QQQQ11 estão Nvidia, Tesla e Crowdstrike. Em contrapartida, empresas como Pepsico e Apple, ficaram fora da carteira por apresentarem uma volatilidade inferior ao do Nasdaq-100.
Renato Nobile, sócio-fundador da Buena Vista, explica que ações com maior volatilidade tendem a se destacar em mercados com predominância de empresas de crescimento. “Escolhemos o Nasdaq-100 porque ele reúne as melhores companhias em termos de inovação”, diz ele.
Segundo backtests realizados pela Buena Vista, o QQQQ11 teria entregue um retorno de 55 vezes o valor investido desde 2008. No mesmo período, o Nasdaq-100 registrou ganhos de 39 vezes e o S&P 500, de 15 vezes.
Embora não haja um produto idêntico ao QQQQ11 nos Estados Unidos, ETFs alavancados no Nasdaq estão entre os mais populares por lá. Um exemplo é o ProShares UltraPro QQQ (TQQQ), que oferece uma exposição tripla ao índice e possui US$ 27,8 bilhões sob gestão. O fundo acumula uma rentabilidade de 83% no ano.
O produto americano mais similar ao QQQQ11 é o SBHB, da gestora Invesco, que aposta nas ações mais voláteis do S&P 500. Apesar de ter um volume de US$ 400 milhões sob gestão — muito inferior aos gigantes do mercado americano —, o fundo supera com folga a média de ETFs listados na B3.
No Brasil, uma estratégia semelhante é aplicada pelo HIGH11, ETF formado pelas ações mais voláteis do Ibovespa. Desenvolvido pela Nu Asset, gestora do Nubank, o fundo tem R$ 8,05 milhões sob gestão e 2.263 cotistas (0,3% dos que investem em ETFs no país).
Reconhecidos por oferecer diversificação a custos baixos, os ETFs conquistaram os Estados Unidos, onde representam cerca de 30% de toda a indústria de fundos, segundo a SEC. No mercado local, entretanto, esses produtos ainda têm uma participação marginal, representando menos de 0,01% da indústria. Apesar disso, as gestoras vêm intensificando o lançamento de ETFs, apostando no crescimento desse mercado nos próximos anos.
Atualmente, há 114 ETFs listados na B3, sendo a maioria voltada para o mercado internacional. A Buena Vista, por exemplo, concentra seus lançamentos em ETFs ligados ao mercado americano, já que muitos de seus produtos utilizam estratégias baseadas em derivativos, como o covered call.
“Ainda temos muitos planos de ETFs ligados ao mercado brasileiro, mas só devemos avançar em 2026, dependendo da evolução da liquidez. Quanto menor a liquidez, maior o custo operacional”, afirma Nobile.