Menos de um mês depois de dar início ao que se desenhava para ser uma das maiores batalhas corporativas da história, a batalha entre o investidor ativista Nelson Peltz e a Disney parece ter terminado com um final feliz.

A decisão do fundador da Trian Fund Management foi tomada depois que a gigante do entretenimento revelou na quarta-feira, dia 8 de fevereiro, um plano de reestruturação de suas operações, visando a cortar US$ 5,5 bilhões em custos. Para isso, entre outras medidas, a empresa planeja demitir cerca de 7 mil pessoas.

“Agora, a Disney está pretendendo fazer tudo que nós queríamos que fizesse”, disse Peltz nesta quinta-feira, dia 9 de fevereiro, em entrevista ao canal americano CNBC. “Desejamos o melhor para o Bob (Iger, CEO da Disney), à diretoria e ao conselho de administração. Estaremos de olho e torcendo.”

Peltz, um investidor de 80 anos que já venceu disputas com empresas como Heinz, Dupont e P&G, estava prestes a enfrentar a Disney em uma assembleia anual de acionistas, marcada para o dia 3 de abril.

Em janeiro, a Trian lançou uma ofensiva para emplacar seu fundador como presidente do conselho de administração da empresa, no lugar de Susan Arnold, que está no comitê há 15 anos. A Disney, no entanto, decidiu indicar Mark Parker, ex-CEO da Nike e que está no conselho da companhia desde 2016.

Peltz tem sido um duro crítico da Disney nos últimos anos. Quando a empresa rejeitou apoiar o investidor para presidente do conselho, a Trian soltou um relatório de 35 páginas criticando aquisições feitas, em especial, a compra dos ativos de entretenimento da Fox, em 2018.

A gestora também atacou os custos gerados pelo serviço de streaming Disney+ e o fracasso do plano de sucessão. Iger voltou ao comando da Disney no final de 2022, menos de um ano após se aposentar e de comandar a empresa por 15 anos.

Nelson Peltz, investidor ativista da Trian Fund Management

Seu retorno para um mandato de dois anos aconteceu depois que a companhia sofreu duramente com os efeitos da pandemia, que levou ao fechamento dos parques de diversão e dos cinemas. Pesa também no desempenho da empresa a falta de resultados positivos em seu serviço de streaming, lançado em 2019.

Além disso, o sucessor de Iger, Bob Chepak, sofreu com a desconfiança dos funcionários e investidores. Ele foi duramente criticado por mudanças que queria promover na estrutura da Disney e por não ter se posicionado contra uma legislação da Flórida, onde fica o principal parque de diversão da companhia, que limita a discussão sobre gênero e sexualidade nas escolas do estado.

O plano anunciado por Iger conseguiu aplacar Peltz e agradar os investidores, fazendo as ações da Disney subirem mais de 9% no pós-mercado da Bolsa de Valores de Nova York (Nyse).

Iger também adotou uma das principais reivindicações de Peltz, o retorno do pagamento de dividendos. No anúncio do plano de reestruturação, o executivo afirmou que pedirá ao conselho considerar retomar os pagamentos em um nível mais modesto até o final do ano, dizendo que as medidas de corte de custos abrirão espaço para os repasses.

Junto com os cortes, a Disney planeja reestruturar a companhia em três novas divisões e se concentrará para que o serviço de streaming comece a ser lucrativo a partir de 2024.