Em fase de recuperação, após um longo período de inverno, o mercado de ofertas públicas iniciais (IPOs) em 2025 tem sido marcado pelo sucesso das empresas ligadas a inteligência artificial (IA) e de criptomoedas. O movimento foi liderado por CoreWeave e Circle.

Por outro lado, as principais perdedoras em aberturas de capital na área de tecnologia neste ano foram empresas voltadas diretamente para o consumidor, como a fintech Chime, a plataforma de venda de ingressos StubHub, e a gestora de viagens corporativas Navan.

Até aqui, foram 51 IPOs de tecnologia nos Estados Unidos em 2025, que levantaram US$ 16,8 bilhões, segundo dados da consultoria do mercado financeiro Dealogic. O montante é superior à média dos últimos três anos, de US$ 5,5 bilhões levantados por 29 meses, mas bem longe do pico de 2021, com US$ 74,4 bilhões de 127 empresas.

A CoreWeave foi a maior surpresa do ano, desafiando céticos de sua estratégia de expansão com alta dívida. O timing para o IPO também não foi ideal. A empresa abriu o capital em março, semanas antes do primeiro anúncio do tarifaço global imposto pelo presidente Donald Trump, que estimulou uma liquidação no mercado.

Mas o episódio não impediu o bom resultado na Bolsa. As ações subiram 165% desde o IPO, após uma recente baixa. As notícias iniciais sobre tarifas levaram empresas como Stubhub, Klarna e Chime a suspenderem suas ofertas. Elas conseguiram concretizar seus negócios mais tarde, mas as ações acabaram caindo.

A emissora de stablecoin Circle mais que triplicou seu valuation desde sua oferta, em junho, ganhando o título de melhor performance do setor tecnologia. As ações da credora blockchain Figure Technology subiram 46%, e a operadora de câmbio de criptomoedas Bullish, 22% desde o início da listagem.

As únicas empresas negociadas acima de seu preço de IPO, além do mercado de IA e de cripto, são a fabricante de software de design Figma e a empresa de segurança cibernética Netskope.

As ações da Figma dispararam 250% no primeiro dia devido ao seu rápido crescimento e investimento agressivo em IA. Empresas de segurança cibernética convenceram os investidores com a ideia de que seus serviços podem ajudar na defesa contra violações de segurança relacionadas à IA.

As ações da Figma caíram um pouco desde a oferta e agora estão 34% acima de seu preço inicial. A Netskope está 17% acima do seu preço de oferta. O pequeno número de vencedoras fora de IA e cripto pode fazer com que algumas empresas que visavam ofertas no próximo ano repensem seus planos.

“Os investidores estão muito cientes das empresas que eles consideram com vantagem em IA, isoladas de IA ou aquelas que podem ter risco adicional de exposição à IA”, diz Will Connolly, co-chefe de mercados de capitais de ações das Américas do Goldman Sachs, ao portal The Information.

Entre as que registram desempenho abaixo de esperado estão a Gemini Space Station — a exceção ao sucesso das cripto — e a empresa de segurança Sailpoint. As fintechs, incluindo Klarna e Chime, tiveram resultados ruins, prejudicadas pelo enfraquecimento dos gastos do consumidor.

“As empresas que abrem capital precisam mostrar aos investidores como seus produtos integram IA, como os clientes a usam e como ela está melhorando suas margens ou operações”, afirma Connolly.

A perspectiva é que 2026 comece provavelmente com IPOs remanescentes deste ano, incluindo as da empresa de pagamentos PayPay, apoiada pelo Softbank, a custodiante de criptomoedas BitGo e a startup de logística Motive. A tendência é que haja um acúmulo de trabalho na Securities and Exchange Commission (SEC), o que deve fazer com o que ano comece de forma mais lenta.

Segundo banqueiros, o restante do ano será impulsionado pelas taxas de juros, pelo entusiasmo dos investidores por IA e pela expectativa se as ações de tecnologia se recuperarão da liquidação atual.

Na avaliação dos especialistas, há a percepção de que o mercado de IPOs se amplie para além das empresas de cripto e IA. Algumas das mais aguardadas incluem a bolsa de criptomoedas Kraken, a Lambda, rival menor da CoreWeave, e a empresa de design Canva.

O sonho dos banqueiros é terminar o próximo ano com IPO blockbuster da OpenAI, recentemente avaliada em US$ 500 bilhões em uma venda de ações para funcionários. Mas há quem diga que uma oferta em 2026 seja improvável. Na semana passada, a diretora financeira da OpenAI, Sarah Friar, disse que uma IPO “não está nos planos no momento”.