A Vulcabras, dona das marcas Olympikus, Under Armour e Mizuno, completou o 16º trimestre consecutivo de crescimento, com uma receita operacional líquida de R$ 761 milhões no segundo trimestre, uma expansão de 5,1% sobre o mesmo período do ano passado.
Há, no entanto, um ponto que tem deixado a gestão da companhia incomodada: o valor de mercado na bolsa de valores. Avaliada em R$ 4,2 bilhões, a Vulcabras entende que, em comparação aos pares, os múltiplos da empresa deveriam ser maiores.
Quando se pegam fabricantes de calçados listados na B3, a Grendene tem valor de mercado de R$ 5,4 bilhões e a Alpargatas, R$ 5,5 bilhões. Quando se estende mais para o varejo esportivo, por exemplo, o grupo SBF, dono de Centauro e Nike, vale R$ 3,7 bilhões, e a Track&Field, R$ 800 milhões.
“Não estamos satisfeitos com o valor de mercado. É menor [que o dos pares], tanto pelos investimentos como pelo retorno para o investidor. Somos geradores de caixa e pagadores de dividendos”, diz Pedro Bartelle, CEO da Vulcabras, ao NeoFeed.
Por conta disso, a empresa decidiu mudar a política de distribuição de dividendos para colocar a empresa como uma das principais pagadoras de proventos aos acionistas na B3.
A empresa passa a ter uma distribuição recorrente. Os dividendos da Vulcabras serão pagos mensalmente no valor de R$ 0,125 por ação, o equivalente a R$ 1,50 por ação anualmente.
Considerando o preço médio de negociação da VULC3 em julho, em torno de R$ 15, o dividend yield da companhia será de 10%, com um pay out superior a 80%.
No primeiro semestre, a Vulcabras fez duas distribuições de dividendos, uma de R$ 1,50 por ação (em duas tranches) e outra de R$ 0,75 por ação. Ao todo, o retorno aos acionistas somou, até aqui, R$ 449,3 milhões.
“Dinheiro em caixa é bom, principalmente quando se fala em aquisições. Mas uma empresa bem valorizada é muito melhor, com o múltiplo correto. É mais relevante em cenários difíceis”, afirma Bartelle, que reforça que os planos de crescimento orgânico e inorgânico seguem iguais.
No segundo trimestre, o Ebitda recorrente foi de R$ 175,4 milhões, crescimento de 4% na comparação com o mesmo trimestre de 2023. E se no fim do primeiro trimestre o caixa mais as aplicações financeiras somaram R$ 575,8 milhões.
“O trimestre reforçou a resiliência do negócio, com uma margem Ebitda de 23,1% que continua sendo uma das melhores do setor”, diz Wagner Dantas, CFO da Vulcabras. “Viramos o trimestre com caixa líquido e fundamentos financeiros sólidos permanentes.”
No segundo trimestre, o maior crescimento da companhia foi registrado pelo e-commerce, que saltou de uma receita de R$ 57,1 milhões para R$ 98,7 milhões em 12 meses. A expansão é de 72,9% no período. E representa 13% do total da receita líquida da Vulcabras.
“O mercado está pior e mais difícil este ano, mas seguimos crescendo, trazendo novos produtos e colhendo os investimentos dos últimos anos”, afirma Bartelle. “O e-commerce está na nossa estratégia de complementariedade.”
Há três anos a Vulcabras decidiu internalizar o e-commerce que era terceirizado - e não rentável. A empresa não encontrou um negócio “redondo” para comprar e decidiu montar sua própria estrutura, contratando profissionais de mercado.
“Temos 10 mil clientes que vendem no preço certo porque produzimos sob pedidos. Mas o nosso e-commerce é onde expomos toda a nossa coleção e temos rentabilidade, sem a necessidade de liquidação permanente”, diz o CEO.
Na categoria de calçados esportivos Olympikus, Mizuno e Under Armour, a receita líquida foi de R$ 644,6 milhões, um crescimento de 6% no segundo trimestre sobre o mesmo período do ano passado. E de 30,1% sobre o primeiro trimestre de 2024.
Listada na B3 com o ticker VULC3, a ação da Vulcabras está em queda de 18,9% no ano, até o pregão de 6 de agosto.