Em meio a notícias de que a Natura &Co promoverá uma reestruturação em suas atividades e organização corporativa, a XP Investimentos avaliou uma série de caminhos que a companhia pode tomar para ficar mais eficiente e recuperar suas atividades. 

Mas, para os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, independentemente do que a diretoria fará, as ações estão em um patamar muito baixo para serem ignoradas. E eventuais mudanças a serem promovidas representarão gatilhos de alta para o preço dos papéis. 

Com isto, eles reiteraram a recomendação de compra para os papéis, mantendo o preço-alvo em R$ 25,00. O valor representa um potencial de alta de 47% em relação à cotação em que as ações são negociadas atualmente. 

“O preço atual incorpora um cenário conservador, com a Natura &Co negociando com um desconto de cerca de 33%, dez vezes o EV/Ebitda estimado para 2023, para seus pares globais, excluindo todas as outras unidades de negócio”, diz trecho do relatório. 

Segundo apurou o site Capital Reset, o conselho de administração da Natura está se reunindo nesta semana para tratar de medidas que possam melhorar seu desempenho operacional e financeiro.

O plano inicial de criar uma plataforma global de marcas de cosméticos não tem ido como esperado, diante da complexidade de integrar marcas e melhorar a performance delas. A situação fez com que a Natura trouxesse Fábio Barbosa, ex-presidente do Real e do Santander, para comandar a companhia no lugar de Roberto Marques, que liderou o grupo por seis anos. 

Os analistas da XP vislumbram três movimentos que podem ser anunciados pela empresa após essas reuniões. O primeiro envolve a combinação das operações da América Latina com a Avon Internacional em uma única unidade de negócios. 

Para eles, a medida é a mais provável de ocorrer, porque resultaria em um melhor aproveitamento das geografias em que as duas marcas estão presentes e vão bem, e padronizará o modelo comercial da Avon, permitindo a captura de sinergias. 

Outra decisão envolveria a cisão da Aesop. Se realizar isso, a Natura deve destravar valor da marca australiana, porque ela está má precificada dentro do atual valuation da Natura, devido à baixa representatividade no Ebitda consolidado. 

Os analistas, porém, ressaltam que ainda não é o momento para esse tipo de movimento, porque a Aesop está iniciando um ciclo de investimentos para entrar na China, o que deve pressionar a rentabilidade no curto prazo. Além disso, o gigante asiático enfrenta um cenário econômico desafiador por conta da política de lockdowns rígidos e dos problemas vistos nos setores de energia e imobiliário. 

Eles vislumbram ainda a possibilidade de a Natura optar pela venda da marca britânica The Body Shop. Para eles, seria uma decisão assertiva, considerando que a empresa ainda não conseguiu obter bons resultados. No entanto, os analistas da XP não vislumbram compradores potenciais, embora não descartem que algum fundo de private equity possa se interessar. 

No primeiro cenário, considerando a fusão das operações latino-americanas da Natura e da Avon e excluindo Aesop e The Body Shop, o EV/Ebitda para 2023 estaria em nove vezes. 

Já a união de Natura e Avon, o spinoff da Aesop e a exclusão da The Body Shop faria com que o EV/Ebitda de 2023 ficasse entre cinco e seis vezes. 

Por volta das 13h11, as ações da Natura subiam 3,28%, a R$ 16,99. No ano, elas acumulam queda de 32,7%, levando o valor de mercado da empresa para R$ 23,3 bilhões.