O BTG Pactual pode ter até ter a XP Inc. como um dos seus principais concorrentes numa série de frentes, de criptomoedas e assessores de investimentos, passando até pelo mundo dos esportes.
Mas o research do banco de André Esteves não se deixou contaminar pela disputa, demonstrando uma visão positiva em relação à empresa de Guilherme Benchimol, graças à retomada do mercado de capitais.
Os analistas Eduardo Rosman, Thiago Paura e Ricardo Buchpiguel elevaram o preço-alvo das ações da XP de US$ 20 para US$ 28,50, diante das expectativas de que os resultados da companhia de investimentos virão acima do esperado, com a situação da renda variável melhorando.
“Nós estávamos recomendando a B3 como uma forma segura de apostar na melhora dos riscos no Brasil nos últimos meses”, diz trecho do relatório divulgado na quarta-feira, 21 de junho.
E acrescenta: “Contudo, devido aos resultados melhores que o esperado no primeiro trimestre e nossa expectativa de uma rápida recuperação do mercado de capital, também estamos reforçando nossa visão mais positiva a respeito da XP”.
Os analistas do BTG Pactual destacaram o fato de a XP ter recentemente atingido R$ 1 trilhão em ativos sob custódia, afirmando que o montante está 3% acima do que eles esperavam para o final do segundo trimestre.
Os efeitos da retomada do mercado de capitais fez com que os analistas elevassem as projeções para os resultados da XP no segundo trimestre e no restante do ano. O lucro no período de abril a junho deve somar R$ 950 milhões, o que representa um aumento de 19% em relação ao primeiro trimestre, e de 4% ante o mesmo período de 2022.
A projeção para o lucro líquido de 2023 subiu 4% em relação ao que era esperado anteriormente, para R$ 4 bilhões, com os ativos sob custódia fechando o ano em R$ 1,3 trilhão, alta de 15% em base anual. Para 2024, a expectativa para a última linha do balanço foi elevada em 10%, para R$ 4,8 bilhões.
Esses números mostram que o BTG Pactual está mais otimista que o mercado em geral, com os valores esperados para este e o próximo ano - 4% e 5%, respectivamente, acima do consenso.
As dúvidas sobre o futuro da XP
Apesar da visão positiva para este ano, os analistas do BTG Pactual ainda demonstram ceticismo quanto à sustentabilidade dos resultados e do ROE no médio e longo prazo, motivo para a manutenção da recomendação para as ações em neutro.
Entre as dúvidas estão questões relacionadas às despesas operacionais, os custos com o modelo de partnership, o fato de ela ter se tornado mais intensiva em capital e a expectativa de menor captação em relação aos últimos anos.
“A XP já tem uma participação elevada no mercado de alta renda e temos dificuldades em ver ela tendo vantagens significativas em wealth management e segmentos de varejo de baixa renda”, diz trecho do relatório.
Mas, diante das circunstâncias positivas, o viés para os próximos meses é positivo. “Apesar do recente rally e nossas preocupações de médio e longo prazo, continuamos a acreditar que a ação parece ser uma oportunidade de compra no curto prazo”, diz trecho do relatório.
Por volta das 15h45, as ações da XP subiam 3,73% na Nasdaq, a US$ 24,50. No ano, elas acumulam alta de 60,6%, levando o valor de mercado a US$ 13,3 bilhões.