Conhecida por atender grandes varejistas e marketplaces como Mercado Livre e Magazine Luiza, a Sequoia chegou à B3 em outubro de 2020. E ao captar R$ 348,1 milhões no IPO, o grupo de logística definiu que um de seus próximos trajetos seria avançar também entre os pequenos e médios sellers.
Depois de iniciar e amadurecer esse projeto no decorrer de 2021, a empresa começa a capturar e a entregar os primeiros resultados mais efetivos em seu balanço. E já está colocando, literalmente, na rua as próximas vias de expansão para consolidar sua presença junto a esse perfil de cliente.
“É um novo mercado que estamos entrando e que tem um potencial enorme, de mais de 1,5 milhão de sellers”, diz Fernando Stuchi, diretor de RI e CFO da Sequoia, ao NeoFeed. “Ainda temos muito pra conquistar, mas, em alguns indicadores, essa já é maior unidade da companhia.”
Criada em novembro de 2020 para reunir um leque de serviços voltados a esse público, a plataforma digital SFx ilustra esse contexto. No primeiro trimestre de 2022, por exemplo, do total de 19,6 milhões de entregas feitas pela Sequoia, 11 milhões vieram dessa divisão.
“Claro, o tíquete médio é, às vezes, 10, 15 vezes menor, mas estamos ganhando muita escala nesse segmento”, afirma Stucchi. “Esse ecossistema está ficando cada vez mais robusto e integrado, e está impulsionando muito do crescimento da nossa operação.”
Comprada pelo grupo em março de 2021, a Frenet, marketplace de fretes, é um dos atalhos para turbinar ainda mais esses números. Depois de concluir provas de conceito no fim do ano, na região Sul, a Sequoia está acertando os últimos ponteiros para plugar o serviço definitivamente na SFx.
Na prática, essa conexão dará à Sequoia acesso imediato a mais de 32 mil sellers cadastrados na plataforma da Frenet. Para se ter uma medida do impacto desse movimento, atualmente, a SFx tem cerca de 2 mil sellers ativos.
Essa estratégia passa, porém, por uma via de mão dupla. Se a Frenet vai acelerar a presença da Sequoia nesse perfil de cliente, ao mesmo tempo, uma iniciativa recente do grupo, a Drops, serviço de coletas de produtos que vai ajudar a impulsionar a oferta do marketplace de fretes. E, por consequência, a SFx.
A Drops oferece opções como coleta de mercadorias na casa do seller, o chamado pick up. E conta também com a possibilidade desse cliente deixar os produtos a serem entregues aos consumidores em estabelecimentos comerciais parceiros – farmácias, por exemplo.
Essa rede, que também é usada para viabilizar a operações de logística reversa, com a devolução de pedidos, começou a ser habilitada no fim de 2021. E passou a ser testada no primeiro trimestre deste ano, inicialmente, na capital e no interior de São Paulo,
“Encerramos o ano com 500 pontos habilitados e, agora, temos 1,5 mil cadastrados em todo o País”, diz Stucchi. “Já temos pilotos rodando e a Drops deve entrar em operação plena no segundo semestre, o que inclui a conexão com a Frenet, que também vai incorporar esses serviços.”
Em paralelo ao ganho dessas iniciativas, a Sequoia pretende retomar o ritmo de aquisições que vinha imprimindo desde a sua abertura de capital. Foram 11 acordos pós-IPO, mas, com um número menor de anúncios a partir do segundo semestre, quando o grupo se dedicou mais à integração desses ativos.
“Concluímos todas as integrações no fim de 2021, o que já se refletiu no nosso balanço no primeiro trimestre”, observa o executivo. “E nesse ano vamos voltar a acelerar esse pipeline. Já temos dois acordos em fase de due diligence outros onze caminhando para chegar nesse estágio.”
São três as teses que irão guiar eventuais novos acordos. Além do investimento em logtechs, uma delas envolve ativos que possam ampliar a capilaridade e a densidade da Sequoia, especialmente em regiões como Nordeste e Centro-Oeste.
Uma terceira vertente, mais voltada à consolidação do setor, passará pela aquisição de empresas tradicionais concorrentes, com faturamento acima de R$ 500 milhões.
Primeiro trimestre
Enquanto dá velocidade a todas essas estratégias, a Sequoia contabiliza o resultado de parte desses esforços, ao divulgar na noite desta quinta-feira, 5 de maio, seu balanço referente ao primeiro trimestre de 2022.
Entre janeiro e março, a empresa reportou um crescimento de 37,6% em sua receita, para R$ 449,1 milhões, na comparação com um ano antes. O Ebitda foi de R$ 38,4 milhões, alta de 83,5%, e a margem Ebitda ficou em 8,6%, contra 6,4%, em igual período de 2021.
Com o total de 19,6 milhões de pedidos nesse intervalo, um salto anual de 81,3%, o grupo “transportou” um GMV de R$ 11,3 bilhões, o que representou uma expansão de 16,6%.
O destaque ficou com o segmento de B2C, com entregas diretas aos consumidores, que registrou 18,1 milhões de pedidos, um incremento de 87,7%. No segmento B2B, que envolve entregas, por exemplo, da indústria para abastecer o varejo, Stucchi destacou os impactos do cenário macroeconômico.
“No B2B, o mercado ainda não voltou aos níveis pré-pandemia”, afirma o executivo. “Além da reposição mais lenta no varejo, a guerra entre Rússia e Ucrânia interferiu na importação de peças e componentes, o que afetou bastante a indústria.”
Esse ambiente também vem afetando o desempenho da empresa no mercado de capitais. No ano, as ações da Sequoia acumulam uma desvalorização de 27,7%. Nesta quinta-feira, os papéis da companhia, avaliada em R$ 1,4 bilhão, fecharam o pregão na B3 com baixa de 6,58%.
“Nós entregamos muito mais do que prometemos no IPO”, afirma Stucchi. “Mas nesse cenário macroeconômico, naturalmente, small caps como a Sequoia sofrem mais por ter liquidez menor. Os grandes investidores migram para as blue chips e os investidores pessoa física para a renda fixa.”
Como parte das medidas para tentar equacionar essa questão, em janeiro, a Sequoia anunciou um programa de recompra de cerca de 3,5 milhões de ações.
“Nós acreditamos no potencial do que estamos construindo e encaramos o programa como qualquer investimento da companhia”, afirma o CFO. “E vamos seguir monitorando o mercado e encontrando outras oportunidades para maximizar o capital do nosso investidor.”