Após um balanço considerado surpreendente por analistas no segundo trimestre de 2025, que resultou na recomendação de compra das ações por BTG Pactual, Itaú e Citi, o Nubank agora mira expansão geográfica. Relatório do BTG afirma que a fintech brasileira planeja retornar ao mercado da Argentina por meio de uma aquisição. O Nubank não confirma.
No documento assinado pelos analistas Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura, o banco comenta a notícia que foi publicada pelo site iProUP, focado em notícias de fintechs e inovação. Segundo o veículo, o Nubank estaria em due dilinge para comprar o Brubank, uma instituição financeira também digital, sem agências e com cerca de 4 milhões de clientes.
Fontes do mercado financeiro consultadas pelo NeoFeed confirmaram que o banco fundado em 2013 por David Vélez, Cristina Junqueira e Eduardo Wible realmente tinha interesse no M&A com o Brubank, mas que as conversas já teriam chegado ao fim, sem conclusão do negócio. De qualquer forma, ainda haveria disposição em regressar ao mercado do país comandado por Javier Milei.
A movimentação representaria o retorno do Nubank ao país após uma rápida presença em 2019 para oferecer cartão de crédito aos argentinos, quando a instituição montou um escritório em Buenos Aires com 12 funcionários. O modelo foi interrompido logo depois para que o banco pudesse priorizar Brasil, México e Colômbia, em meio a um forte período de instabilidade macroeconômica.
“Se concluída, a aquisição do Brubank poderia dar ao NU uma licença local, base de clientes e infraestrutura (transferências, QR, fundos, empréstimos) alinhadas ao modelo app-first do NU, permitindo tempo de entrada mais rápido no mercado e um desafio crível ao ecossistema de pagamentos do Mercado Pago”, afirma o BTG.
Foi justamente a partir da chegada de Milei à Casa Rosada, com uma postura mais pró-mercado do governo, que fintechs globais têm encontrado a porta aberta para capturar correntistas argentinos.
Em junho, a fintech inglesa Revolut anunciou a aquisição da Cetelem Argentina, unidade local do BNP Paribas, aumentando o nível de competição no país.
“Os próximos pontos a observar são a confirmação (ou negativa) formal, os trâmites regulatórios com o BCRA (Banco Central argentino), escopo de integração (marca, produtos, depósitos/linha de crédito) e resposta competitiva, principalmente do Mercado Pago e bancos locais”, afirma o BTG, no relatório.
Em outubro do ano passado, Vélez chegou a dizer, em entrevista ao jornal O Globo, que o Nubank estava, de fato, reavaliando perspectivas de expansão para o mercado argentino, mas que uma possível decisão só seria tomada em um cenário de longo prazo.
“Estamos olhando para Argentina, é impossível ignorar o que Milei está fazendo. Ainda é cedo para tomar uma decisão, e vamos ver o que vai acontecer em 12, 24 meses”, disse o CEO do Nubank, na ocasião.
Em outra ponta, o Mercado Livre anunciou recentemente o lançamento de seu primeiro cartão de crédito físico e virtual na Argentina, em parceria com a Mastercard, o que, por si só, já representaria um desafio a mais para a possível volta do Nubank em solo portenho.
O cartão será disponibilizado gradualmente pelo aplicativo nas próximas semanas, sem tarifa de emissão ou manutenção, e oferecerá até três parcelas sem juros em compras acima de 30 mil pesos argentinos (cerca de R$ 120) feitas no marketplace ou em estabelecimentos que aceitem QR do Mercado Pago.
Procurado pelo NeoFeed, o Nubank respondeu que “não comenta rumores ou especulações”. “Reafirmamos nosso compromisso de manter uma comunicação aberta, clara e oportuna sobre todas as questões relevantes de negócios”, diz a nota do banco digital.
Mudança no México
Enquanto a fintech não define, pelo menos oficialmente, seu retorno à Argentina, o BTG registra a mudança de direção no México do Nubank, em um movimento de crescimento de ampliação de presença no país da América Central.
Armando Herrera assume, em 2 de setembro, o cargo de CEO da operação mexicana, sucedendo Iván Canales, que lidera o negócio desde o início. A transição é supervisionada por Guilherme Lago, CFO do NU Group e presidente do Conselho do NU México.
“O NU México está passando da fase de “construção” para a de “escala” após garantir uma licença bancária completa, alcançar aproximadamente 12 milhões de clientes e estender sua cobertura para cerca de 98% dos municípios (aproximadamente 13% da população adulta)”, dizem os analistas do BTG.
A unidade mexicana do Nubank conta hoje com cerca de US$ 6,7 bilhões em depósitos e US$ 700 milhões em empréstimos, com investimento total no país superior a US$ 1,4 bilhão.
À medida em que o banco digital expande sua presença no mercado de cartões, a mudança da liderança busca, segundo a análise, sustentar o crescimento e aprofundar a penetração de novos produtos junto a correntistas do México. “Na nossa visão, o México parece finalmente ter encontrado seu ritmo”, diz o BTG.
Na Bolsa de Nova York, as ações do Nubank registram valorização de 39,3% no acumulado de 2025. A fintech brasileira está avaliada em US$ 69,15 bilhões.