A gigante de tecnologia Nvidia alcançou uma prateleira jamais alcançada por uma companhia de capital aberto no mundo: ultrapassou a barreira de US$ 5 trilhões de valor de mercado nesta quarta-feira, 29 de outubro.
As ações da Nvidia abriram em alta de de 3,5%, alcançando um valor de US$ 5,05 trilhões. No pregão de terça-feira, 28 de outubro, os papéis da companhia já tinham fechado com valorização de 4,98%, o que conferia à empresa um market cap de US$ 4,9 trilhões.
Essa avaliação inédita coloca a Nvidia como a “terceira maior economia do mundo”. Caso ela fosse um país, estaria atrás apenas dos Estados Unidos, com Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 29,17 trilhões, e China, com US$ 18,27 trilhões. Alemanha tem US$ 4,71 trilhões. Japão vem logo depois, com US$ 4,1 trilhões. E significaria mais do que duas vezes o PIB do Brasil (de US$ 2,18 trilhões).
Uma avaliação de US$ 5 trilhões também significa que o valor de mercado da Nvidia ultrapassa o de todo o mercado de criptomoedas e equivaleria a cerca de metade do valor total do índice europeu Stoxx 600.
O pulo ocorre pouco mais de três meses após a empresa ultrapassar US$ 4 trilhões, em 9 de julho. A atual disparada tem relação direta com os recentes anúncios relacionados a pedidos de chips de inteligência artificial (IA) e de contratos governamentais.
Na terça-feira, 28 de outubro, o cofundador e CEO Jensen Huang anunciou encomendas de chips de IA no valor de US$ 500 bilhões, além dos planos para a construção de sete supercomputadores para o governo dos Estados Unidos.
Em outro comunicado, a empresa também revelou que está adquirindo uma participação na Nokia, no valor de US$ 1 bilhão, em uma parceria estratégia com a fabricante finlandesa para o desenvolvimento da tecnologia 6G para telefone celular.
O boom do mercado global de IA também tem valorizado as bolsas mundo afora e elevado a valorização de outras grandes companhias de tecnologia. Deste modo, a marca de US$ 5 trilhões da Nvidia ocorre menos de 24 horas após Apple e Microsoft ultrapassarem a barreira de US$ 4 trilhões de valor de mercado.
Analistas dizem que sua a alta nas ações reflete a confiança nos investimentos contínuos em IA, embora haja alertas sobre possíveis supervalorizações. Mas o peso da companhia no S&P 500 e Nasdaq 100 confere pouca margem para uma possível bolha no setor.
As ações da Nvidia valorizaram quase 12 vezes desde o lançamento do ChatGPT, da OpenAI, em novembro de 2022, superando os ganhos de 69% do índice de referência S&P 500 no mesmo período. No acumulado de 2025, as ações da empresa registram alta de 49,7%.
“A longo prazo, esperamos que os gigantes da tecnologia se esforcem para encontrar fontes alternativas ou soluções internas para diversificar sua atuação em IA, mas esses esforços, na melhor das hipóteses, apenas reduzirão, e não substituirão, o domínio da Nvidia em IA”, diz Brian Colello, analista sênior de ações da Morningstar, à Reuters.
Ao pular de patamar na história das grandes companhias listadas no mundo, a Nvidia também atinge uma influência até então inimaginável para uma empresa no contexto geopolítico e econômico.
Há expectativa de que o presidente Donald Trump discuta, em reunião prevista para esta quinta-feira, 30 de outubro, sobre o chip Blackwell da Nvidia com o presidente chinês Xi Jinping, o que reflete a crescente influência da empresa em uma rivalidade tecnológica cada vez mais acirrada entre Estados Unidos e China.
Os processadores H100 e Blackwell da Nvidia alimentam a maioria dos grandes modelos de linguagem que abastecem ferramentas como o ChatGPT, da OpenAI, e o xAI, de Elon Musk.
“A Nvidia claramente levou sua história a Washington para educar e ganhar a simpatia do governo americano”, afirma Bob O'Donnell, da TECHnalysis Research. “Eles conseguiram abordar a maioria dos tópicos mais relevantes e influentes do setor de tecnologia.”
Em conferência realizada na terça-feira, Huang elogia a política “America First”, de Trump, por, na visão dele, acelerar o investimento tecnológico no país. Mas também alertou que excluir a China do ecossistema da Nvidia poderia limitar o acesso dos Estados Unidos a metade dos desenvolvedores de IA do mundo.
Em julho, a empresa anunciou que alcançou, no segundo trimestre, receita de US$ 46,7 bilhões, alta de 56% em relação ao mesmo período do ano anterior. A maior parte (US$ 41,1 bilhões) veio do segmento de data centers. O próximo resultado será divulgado no dia 19 de novembro.