A Gol anunciou nesta quinta-feira, 25 de janeiro, que entrou com um pedido de recuperação judicial na Justiça americana. Por meio do Chapter 11, a companhia aérea vai buscar levantar capital e reestruturar as finanças, diante do endividamento, que, no terceiro trimestre, somou R$ 20,2 bilhões.
O processo já vinha sendo especulado pelo mercado, diante das dificuldades da companhia em chegar a um acordo com seus credores, especialmente com os arrendadores de aeronaves.
Caso o processo seja aprovado pela Justiça americana, a Gol vai conseguir negociar seus passivos financeiros, sem sofrer com a pressão dos credores e manter as operações normalmente.
Após o anúncio da entrada do pedido, o CEO da Gol, Celso Ferrer, concedeu uma entrevista a jornalistas para tratar do assunto e falar um pouco mais sobre os próximos passos da companhia.
Acompanhe os principais pontos:
Motivo para entrar com o pedido
Ferrer afirmou que a Gol decidiu ingressar no Chapter 11 porque ainda sente os impactos da pandemia em seus negócios e também por conta dos atrasos nas entregas das aeronaves.
“A decisão de entrar no Chapter 11 é para que possamos termos uma estrutura de capital correta. A Gol vem em negociações com diversos credores durante os últimos meses até que chegasse na decisão de hoje. Esperamos sair com a estrutura de capital correta e posicionando a companhia para o crescimento.”
Impactos na operação
O CEO da Gol ressaltou que o processo de reestruturação não vai afetar as operações da companhia, assim como não terá impacto na Smiles ou nos acordos de codeshare que tem com as outras companhias.
“Não há previsão de diminuição das operações que a Gol tem atualmente. O processo serve para proteger a companhia de qualquer ação que possa ser tomada pelos arrendadores de aeronaves, dando tempo e condições para que as negociações sejam feitas e garantir uma frota otimizada.”
O motivo da escolha dos Estados Unidos
A Gol decidiu entrar com o pedido de Chapter 11 depois de analisar as experiências de outras companhias áreas com o processo, como foi o caso da Latam. Ferrer disse que o fato de os arrendadores estarem baseados nos Estados Unidos foi também um fator que pesou na decisão.
“O processo de Chapter 11 já foi muito usado na indústria de aviação, com vários casos de sucesso, como Latam, Avianca, Aeromexico, Delta, United, muitas empresas. No nosso caso, o foco da reestruturação está ligado ao fato de muitos dos nossos credores estarem posicionados na lei dos Estados Unidos, principalmente os arrendadores de aeronaves”
Negociações
Segundo Ferrer, a Gol vem negociando com um grupo de 25 arrendadores de aeronaves, que respondem por quase metade da dívida da companhia e que as negociações evoluíram em estágios diferentes.
“A Gol tem 25 arrendadores e as negociações ao longo de 2023 evoluíram em diferentes estágios, com alguns apoiando muito os pedidos da companhia de realinhamento do fluxo de caixa. Muitos deles estão nos acolhendo bem, tanto que recebemos hoje nosso 45º Boeing 737 MAX”
Próximos passos e duração
Ferrer disse que a companhia ingressou hoje com a documentação necessária para o Chapter 11 e que espera acessar os US$ 915 milhões do compromisso de financiamento na modalidade debtor in possession (DIP) por parte de membros de bondholders ligados à Abra logo nas primeiras audiência com o Tribunal.
Ele não quis se comprometer com um prazo para deixar o processo, mas espera que não leve tanto tempo quanto outros casos, como a Latam, que deixou o Chapter 11 depois de mais de dois anos.
“No nosso caso, é difícil precisar quanto deve durar, mas acreditamos que ele dure substancialmente menos que os processos de outras companhias da América Latina, porque não estamos na pandemia, quando existiam incertezas em relação ao setor. Temos agora uma demanda e, no caso da Gol, nossa operação é simples.”