Uma boa dose de cautela. Esse foi, em resumo, o conselho dado por David Solomon, CEO do Goldman Sachs, aos clientes do banco americano, durante entrevista concedida nesta quarta-feira, 18 de maio, à rede americana CNBC.
Como pano de fundo para as suas palavras, direcionadas, em particular, às grandes empresas, o executivo, à frente do Goldman Sachs desde 2018, citou as medidas que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, está adotando e deve implementar para conter a pressão inflacionária no país.
“Você tem que pensar no fato de que há uma chance razoável, em algum momento, de termos uma recessão ou um crescimento muito, muito lento”, afirmou Solomon, em sua participação no programa “Squawk Box”. “Então, comece a se preparar para isso.”
Ele reforçou o alerta aos clientes com um número que traduz a percepção do Goldman Sachs do que pode vir pela frente. Na estimativa do banco e do executivo, há uma chance “razoável” de 30% de que os Estados Unidos entrem em uma recessão nos próximos 12 a 24 meses.
“Isso não significa que isso vai definitivamente acontecer”, afirmou Solomon. “Mas, se você está no comando de uma grande empresa, precisa olhar através de uma lente com um pouco mais de cautela agora do que quando estávamos sentados aqui, há um ano.”
Em 2022, o Fed já aumentou a taxa básica de juros em duas oportunidades, no que o CEO do Goldman Sachs classificou de uma “jornada em andamento de aperto das condições econômicas”. Ele também destacou que esse cenário pegou algumas empresas e investidores desprevenidos.
“Existem muitas companhias que pensavam que teriam acesso fácil ao capital”, disse o executivo. “E que agora, provavelmente, terão uma jornada mais difícil para levantar os recursos que precisam.”
Solomon ressaltou que as empresas devem avaliar seu apetite ao risco e planejar cuidadosamente como irão atravessar esse período de desaceleração. E acrescentou que esse contexto está se refletindo na perda de apetite por fusões e aquisições, que já não é o mesmo de 12 a 18 meses atrás.