Quando o assunto é filantropia e fazer o bem, Elie Horn é a principal referência no empresariado brasileiro. Mesmo dedicando quase 50 anos à Cyrela, uma das principais incorporadoras e construtoras do País, avaliada em R$ 8,7 bilhões, o empresário sempre buscou conciliar o trabalho com a filantropia.
Agora, seu Elie, como ele é conhecido, quer engajar a sociedade a fazer o bem. Para isso, ele reuniu um grupo de mais de 30 pessoas, entre empresários, políticos e intelectuais, para criar o Think Tank do Bem, um “laboratório de ideias” para desenvolver iniciativas que promovam o avanço do bem no País.
“O grupo não envolve dinheiro, ele pretende promover ideias”, disse “seu Elie”, ao NeoFeed, durante o lançamento do grupo. “Queremos passar ideias boas para a mídia e eventualmente para o governo [para serem promovidas na sociedade]. É produzir ideias o tempo inteiro.”
Nos últimos seis meses, em todas as primeiras segundas-feiras do mês, esse grupo de mais de 30 pessoas – que conta com nomes como Flávio Rocha, presidente do conselho de administração da Guararapes; Alexandre Cruz, sócio-fundador da JiveMauá; Guilherme Benchimol, fundador da XP; José Galló, ex-CEO da Renner; e Pedro Passos, cofundador da Natura – se reuniu na casa do seu Elie para discutir ideias e projetos que promovam avanços na sociedade.
Com o intuito de promover o bem de diversas maneiras, o think tank se dividiu em cinco grupos temáticos – combate à miséria, educação, saúde, meio ambiente e Justiça. As ideias são discutidas dentro desses comitês, para serem elaboradas, estruturadas e depois levadas para serem debatidas por todo o grupo.
Caso aprovadas, o think tank pretende fazer promoção dessas iniciativas. O grupo também pretende reverberar ideias e iniciativas que já existem, sempre com o intuito de engajar a sociedade.
“Uma ideia boa pode ser melhorada, adaptada e implementada por vários outros setores da sociedade, público ou privado. Nosso compromisso é intelectual, de tempo, para disseminar iniciativas para ampliar a cultura de fazer o bem”, afirmou Alexandre Cruz. “Vamos precisar de outras pessoas, de outros setores da sociedade, para ajudar, validar, lapidar e, principalmente, implementar as ideias.”
Seu Elie conta que a ideia de criar um think tank voltado para pensar iniciativas visando a promoção do bem veio, mais ou menos, há três anos. No entanto, por conta da doença de Parkinson, que o fez deixar o comando da Cyrela em 2014, ele acabou deixando de lado a iniciativa, que acabou retomada no ano passado. “Até montar o grupo [do think tank] levou meses, e nosso grupo é um grupo muito bom, com um PIB social, intelectual e financeiro muito forte”, diz.
A expectativa é de que as primeiras iniciativas sejam apresentadas no fim do ano. O comitê de justiça, por exemplo, está trabalhando em temas de insegurança jurídica e as consequências para o Estado de Direito e, por consequência, para o bem da sociedade.
Segundo Ellen Gracie, ex-ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), que encabeça o comitê junto com Renata Moura, sócia da consultoria de estratégia Integration Consulting, a origem da insegurança jurídica é o fato de a legislação ser caótica, muito extensa, por vezes conflitante, que deixa as pessoas às vezes sem saber exatamente como aderir ao Estado de Direito.
“Nossa ideia é fazer um experimento com um setor da sociedade, restrito, para podermos controlar, e examinar toda a legislação que diz respeito àquele setor, e propor uma proposta, a ser encaminhada ao Congresso, de redução dessa legislação, com eliminação de normas que são sobrepostas, repetitivas, que não representam segurança jurídica”, afirmou Gracie.
O Think Tank do Bem representa mais uma das iniciativas de seu Elie na promoção do bem. Ele também é um dos fundadores do Movimento Bem Maior, voltado ao estímulo da filantropia, e recentemente deixou a timidez de lado para lançar uma biografia, que terá o dinheiro da venda destinado a projetos sociais.
O empresário também aderiu ao movimento The Giving Pledge, criado por Warren Buffett, Bill Gates e sua ex-esposa Melinda French Gates, para incentivar a doação de ao menos metade da fortuna em vida ou após o falecimento. Seu Elie se comprometeu em doar 60% de seu patrimônio em vida, estimada atualmente em R$ 3 bilhões.
“Pretendo deixar o mundo melhor do que quando eu nasci”, disse seu Elie.”Quanto [melhor], eu não sei, porque não depende apenas de mim, mas a minha obrigação é tentar.”