A Verizon, empresa de telecomunicações líder de mercado nos Estados Unidos, desembolsou US$ 9,5 bilhões para adquirir a Frontier, sua rival no segmento de internet de alta velocidade por meio de fibra.
Com a aquisição, a Verizon passa a operar as mais de duas milhões de conexões de fibra óptica da Frontier, que estão espalhadas por 25 estados. Com a incorporação, a empresa alcançará um total combinado de 10 milhões de clientes de fibra no Nordeste e Centro-Oeste dos Estados Unidos, bem como na Califórnia, Texas e Flórida, mercados que a Verizon vendeu para a Frontier em 2016.
Na negociação, os acionistas da Frontier receberão US$ 38,50 por papel, um prêmio de 37% em relação ao valor do fechamento de terça-feira, 3 de agosto, o dia anterior ao anúncio do acordo, afirmou a Verizon. A transação avalia a empresa, que tem sua sede em Dallas, em US$ 20 bilhões, incluindo a sua dívida.
“Isso nos coloca como o principal player em mobilidade e nos eleva ao terceiro lugar em banda larga,” disse Sowmyanarayan Sampath, chefe da divisão de consumidores da Verizon, em uma entrevista ao The Wall Street Journal. “Quando juntamos banda larga e fibra, há um grande valor para nós e também para o cliente.”
Agora, a Verizon planeja construir mais 2,8 milhões de pontos de fibra até o final de 2026, que se somarão aos 7,2 milhões de pontos já existentes da Frontier. “A aquisição permitirá que a empresa se torne mais competitiva em mais mercados nos Estados Unidos”, afirmou CEO da Verizon, Hans Vestberg.
O negócio de uma empresa de fibra óptica pode servir de parâmetro para transações que estão em curso no Brasil? A Oi, que está em recuperação judicial, por exemplo, está vendendo seus 4,3 milhões de clientes de fibra óptica por R$ 7 bilhões. Mas a melhor proposta que recebeu foi de R$ 1 bilhão.
A Desktop, empresa que atua no interior de São Paulo, também conversa com possíveis compradores - entre eles a Vivo. Hoje, tem quase 1,1 milhão de clientes e está avaliada em quase R$ 1,8 bilhão.
A Verizon, levando-se em conta o valor que inclui a dívida, está pagando US$ 10 mil (R$ 55.900 na cotação de hoje do dólar) por cada cliente da Frontier. Uma fonte do setor de telecom com quem o NeoFeed conversou diz que esse valor é irreal para a realidade brasileira.
Próximos passos
Após a conclusão da fusão, que tem prazo de 18 meses, as empresas esperam que a transação afete positivamente a receita e ajude no crescimento ajustado do Ebitda. Segundo o comunicado, os resultados já devem começar a ser sentidos no balanço em 2027 e a Verizon prevê pelo menos US$ 500 milhões em sinergias de custo recorrentes até o terceiro ano.
Apesar de ser a maior do segmento, a Verizon não é a única que está investindo para expandir sua rede de internet. Com um fluxo de dados cada vez maior, que acompanha a adoção da inteligência artificial pelos clientes, as empresas estão priorizando a internet via fibra e apostando suas fichas no segmento.
Em julho, a T-Mobile, concorrente direta da Verizon, divulgou um investimento de US$ 4,9 bilhões na criação de uma joint venture com a empresa de private equity KKR para adquirir o provedor de internet de fibra óptica Metronet. Além da T-Mobile, a própria Frontier investiu US$ 4,1 bilhões ao longo dos últimos anos na atualização de sua rede.
A Frontier em números
A Frontier entrou com pedido de recuperação (chapter 11) em 2020, após registrar perdas em seu negócio de telefonia fixa. Um ano depois, a companhia conseguiu se recuperar e voltou suas operações para a construção de sua rede de fibra, que buscava competir contra empresas com foco em internet à cabo e sem fio.
No início deste ano, a Frontier fez uma revisão interna de seus negócios após ser pressionada por investidores sobre seus retornos. Em 2023, a companhia reportou vendas de US$ 5,8 bilhões, com cerca de 52% da receita proveniente de atividades relacionadas a sua linha de fibra óptica.
Atualmente, os maiores investidores da Frontier são as firmas de private equity Ares Management e Cerberus Capital Management. Além disso, a empresa chamou a atenção da Jana Partners no ano passado, que comprou uma participação no negócio.