Ao longo dos últimos 46 anos, Rubens Menin construiu um dos maiores conglomerados empresariais do País. A partir da engenharia civil, o empresário mineiro, de 69 anos, estendeu sua atuação para setores diversos, desde finanças, passando por logística, comunicações e até esportes.

Nessa escalação, três companhias têm capital aberto – MRV, Log Commercial Properties e Banco Inter. E esse trio de peso, avaliado conjuntamente em R$ 29,7 bilhões, se mostrou bastante entrosado no terceiro trimestre, ao apresentar um forte desempenho operacional. O que, no campo dos resultados, se traduziu no maior lucro consolidado da história dos negócios das empresas de capital aberto de Menin.

As empresas registraram um lucro líquido consolidado de R$ 651,3 milhões no terceiro trimestre de 2025 – o número considera apenas o desempenho da MRV Incorporação. O resultado representa um aumento de 23,3% em relação ao recorde anterior, de R$ 528 milhões, apurado no segundo trimestre deste ano.

O resultado consolidado é fruto do desempenho de Inter e Log CP, que vem registrando desempenho positivo nos últimos tempos, enquanto a MRV aposta no back to basics, voltando o foco às operações brasileiras, para superar as dificuldades dos últimos anos.

Último do trio a divulgar os resultados, o Inter foi o “artilheiro” do período. O banco anunciou na manhã desta quinta-feira, 13 de novembro, que registrou um lucro líquido recorde, de R$ 336 milhões no terceiro trimestre, alta de 38% em base anual.

Com crescimento de 30% da carteira de crédito e de 35% da base de funding, o banco, criado por Menin em 1994 e reformulado em 2015 para ser uma instituição totalmente digital, demonstrou que segue no caminho para cumprir o plano tático “60-30-30”.

Anunciada em 2023, a iniciativa prevê alcançar, até 2027, 60 milhões de clientes, um índice de eficiência – variável que mensura o custo de um banco para gerar receita – de 30% e um retorno sobre o patrimônio líquido de (ROE) de 30%.

No terceiro trimestre, o banco registrou 41 milhões de clientes, adicionando um número recorde de 1,2 milhão de novos clientes ativos, com a base total desses correntistas chegando a 24 milhões. O ROE atingiu 14,2%, avanço ante os 13,9% do segundo trimestre e um índice de eficiência 45,2%, abaixo dos 47,1% de três meses antes, mas acima do que espera ter em dois anos.

“A máquina está funcionando muito bem, estamos de fato compounding results”, diz Santiago Stel, CFO do Inter, ao NeoFeed. “Os resultados mostram que o plano [60-30-30] está mais vivo do que nunca.”

O empresário Rubens Menin
O empresário Rubens Menin

Quem voltou a “bater um bolão” foi a MRV, com a operação brasileira ganhando cada vez mais evidência, voltando a demonstrar a “velha forma” que a fez ser reconhecida como uma das principais incorporadoras do País.

No terceiro trimestre, a MRV Incorporação viu o lucro líquido ajustado triplicar em base anual, para R$ 204 milhões, com a receita líquida avançando 14,7%, para R$ 2,6 bilhões, e a margem bruta avançando 4,1 pontos percentuais, a 30,7%.

“As margens brutas de novas vendas estão maiores, com a empresa ficando livre de uma safra ruim que a gente teve, em 2020 e 2021”, diz Ricardo Paixão, CFO da MRV. “O indicador financeiro está acompanhando a melhora operacional.”

O crescimento da unidade brasileira tem ajudado a compensar o resultado da MRV &Co, ainda prejudicado por outras unidades de negócios, sobretudo a Resia, operação de multifamily da MRV nos Estados Unidos.

A MRV &Co fechou o trimestre com lucro líquido de R$ 87 milhões, revertendo o prejuízo registrado no mesmo período de 2024. Em termos ajustados, a última linha do balanço foi positiva em R$ 111,1 milhões, bem acima dos R$ 17,3 milhões de um ano antes.

Nesta perspectiva de melhora gradual, a expectativa é de que a geração de caixa também volte a se normalizar, depois do susto que deu nos investidores na divulgação da prévia operacional do terceiro trimestre. A MRV reportou uma geração de caixa ajustada de R$ 30 milhões, prejudicada por atrasos nos repasses de programas regionais.

A situação fez com que as ações da MRV caíssem mais de 12% no pregão seguinte. Não fosse por esse tema, a geração de caixa teria sido de R$ 123 milhões, segundo cálculos da companhia.

“Esse foi um impacto que aconteceu, mas o que vamos ver na MRV é melhoria das métricas operacionais, com a operação americana tendo menos impacto”, diz Paixão.

Já a Log CP continuou a colaborar com a equipe de Menin. A empresa de galpões logísticos registrou no terceiro trimestre um lucro líquido de R$ 111,4 milhões, alta de 14,7% na comparação anual.

Num contexto de mercado aquecido, a Log CP tem sentido forte demanda por seus galpões. No terceiro trimestre, a companhia registrou absorção bruta de 201 mil metros quadrados, com 73 mil metros quadrados firmados em contratos de ativos ainda em fase de aprovação. A entrega do trimestre foi de 45,4 mil metros quadrados.

A vacância estabilizada foi de 0,81% e o tíquete médio do portfólio atingiu R$ 22,43 por metro quadrado, alta de 10,3% em relação ao terceiro trimestre de 2024.

“A Log vem consolidando uma estratégia baseada em conhecer profundamente a demanda de cada região onde atua, e esse é, sem dúvida, um dos grandes diferenciais da companhia”, diz Sérgio Fischer, CEO da empresa.