Em meio a mais uma recuperação judicial, a Oi anunciou na terça-feira, 26 de setembro, que tomou um empréstimo de US$ 300 milhões junto ao BTG Pactual para pagar credores antigos, dando suas ações na V.tal como contrapartida.

Segundo o fato relevante divulgado pela companhia, o crédito foi tomado na modalidade debtor in possession (DIP) para realizar o pré-pagamento do DIP atual, de US$ 200 milhões, celebrado com um grupo de credores em abril. O restante dos recursos será utilizado para suportar a necessidade de capital de giro da empresa e investimentos para manutenção de suas atividades.

A Oi informa que os termos e condições do novo DIP são “semelhantes ou mais benéficos à companhia” em relação ao empréstimo anterior. Os custos, incluindo juros e taxas, são de 13% ao ano, e o empréstimo tem prazo de vencimento em 15 de dezembro de 2024.

Em troca dos recursos, a Oi deu como garantia 95% das ações que detém na V.tal, operação de fibra óptica da companhia que fundos geridos pelo BTG Pactual assumiram o controle, em julho de 2021, depois de pagar R$ 12,9 bilhões. Esses fundos detêm cerca de 57,9% da empresa de rede neutra.

A conclusão do novo financiamento DIP ainda depende de determinadas condições, entre elas, a aprovação do juízo da recuperação judicial da companhia.

Os recursos vêm num momento em que a companhia analisa vender ativos diante da necessidade de fazer caixa e reduzir seu endividamento. E um dos ativos que podem ser alienados é justamente a participação na V.tal.

Durante teleconferência para tratar dos resultados da Oi no primeiro trimestre, o CEO da Oi, Rodrigo Abreu, disse em junho que a companhia tem por objetivo vender sua participação de 34,1% na empresa de rede neutra. “Nosso plano [de recuperação judicial] traz uma visão potencial de venda futura de ativos, e é o caso da nossa participação na rede neutra”, afirmou ele na ocasião.

As vendas podem ocorrer em formatos diversos, segundo o executivo, desde uma abertura de capital até processos “estratégicos”, com a venda para investidores selecionados.

A Oi entrou com um segundo pedido de recuperação judicial em março deste ano, menos de três meses após a Justiça do Rio de Janeiro decretar o encerramento do primeiro processo, com aproximadamente R$ 29 bilhões apenas em dívidas financeiras.

No total, o passivo concursal somava R$ 43,7 bilhões. No primeiro pedido, apresentado em junho de 2016, a dívida bruta chegava a R$ 65 bilhões.

A Oi fechou o segundo trimestre com um prejuízo de R$ 845 milhões, um aumento de 70% em relação ao mesmo período de 2022. A receita caiu 11,4%, para R$ 2,4 bilhões, e o Ebitda recuou 99,5%, a R$ 42 milhões.

A companhia encerrou o trimestre com caixa consolidado de R$2,6 bilhões, um crescimento de 41% em relação ao trimestre anterior, mas 49,3% abaixo do registrado no mesmo período de 2022. A dívida bruta somou R$ 23,7 bilhões no segundo trimestre, um crescimento de 12,3% em base anual e de 4,4% na comparação trimestral.

As ações preferenciais da Oi fecharam o pregão de segunda-feira, 25 de setembro, estáveis, a R$ 2,02. No acumulado do ano, elas registram queda de 60,4%, levando o valor de mercado a R$ 414,4 milhões.