A Oracle viveu um dia histórico nesta terça-feira, dia 12 de setembro. Mas não no sentido positivo. A companhia de softwares viu suas ações registrarem a maior queda em quase duas décadas.
Os papéis fecharam o dia com queda de 13,50%, a US$ 109,61. Foi o pior desempenho desde março de 2002, quando as ações recuaram quase 15%, em meio aos efeitos do estouro da bolha da internet, segundo dados da consultoria Dow Jones Market Data.
Desta vez, o movimento negativo foi provocado pela própria companhia. No caso, uma parte do resultado e as projeções para o que vem por aí frustraram muitos analistas e investidores.
Outro ponto era a expectativa de que ela já estaria se beneficiando da nova moda do momento do mercado tech, a Inteligência Artificial (IA), algo que não apareceu nos resultados.
Na segunda-feira, dia 11 de setembro, à noite, a Oracle divulgou os resultados relativos ao primeiro trimestre do ano fiscal de 2024, encerrado em 31 de agosto. Embora o lucro por ação ajustado, de US$ 1,19, tenha ficado acima da média das expectativas do mercado, de US$ 1,15 de acordo com a FactSet, e a receita de US$ 12,5 bilhões tenha vindo em linha, o desempenho da área de computação em nuvem foi colocado como ponto negativo.
Apesar de o segmento de infraestrutura em nuvem ter visto um crescimento de 66% da receita em relação ao mesmo período do ano fiscal passado, para US$ 1,5 bilhão, o crescimento foi menor que o visto no trimestre anterior, de 76%.
O guidance divulgado pela Oracle para o segundo trimestre fiscal também não agradou. Enquanto a expectativa média era de crescimento 8%, a companhia estima uma alta de 5% a 7%.
Assim como outros grandes nomes do setor de tecnologia, a Oracle também tem passado ao mercado que está surfando a onda da IA. No trimestre, ela agregou recursos da tecnologia emergente a alguns de seus produtos.
E de acordo com o fundador e presidente do conselho de administração da Oracle, Larry Ellison, “até o momento, empresas que desenvolvem tecnologias com IA assinaram contratos para comprar mais de US$ 4 bilhões em capacidade” na nova geração de produtos de computação em nuvem da empresa.
Mas, segundo relatório da casa de análise Stifel, citado pela CNBC, “está claro que os investidores estavam precificando mais upside com IA e computação em nuvem” nos resultados da Oracle.
Um ponto que também não colaborou para o desempenho das ações é a dificuldade para incorporar a Cerner, empresa de prontuários médicos eletrônicos, adquirida em 2021 por US$ 28,3 bilhões. Segundo a CEO da Oracle, Safra Catz, a transição dos sistemas para a nuvem está provocando “ventos contrários de curto prazo para o ritmo de crescimento da Cerner”.
Apesar de não ter prejudicado o desempenho em 2023, com as ações da Oracle acumulando alta de 34% no ano, a queda pesou no patrimônio de Ellison. Quarta pessoa mais rica do mundo, de acordo com ranking da revista Forbes, com uma fortuna de US$ 140,6 bilhões, o pregão de hoje provocou uma perda de US$ 18 bilhões em seu patrimônio.
Mesmo com a perda, ele permanece a frente de Warren Buffett, cujo patrimônio soma US$ 122,7 bilhões. Na primeira posição está Elon Musk, com US$ 264,9 bilhões, Bernard Arnault e sua família, da LVMH, com US$195,2 bilhões, e Jeff Bezos, que possui 163,9 bilhões.