A Positivo Tecnologia concluiu os trâmites para a aquisição da unidade de serviços gerenciados de TI do Grupo Algar, a Algar Tech MSP. O fato relevante foi publicado na manhã de segunda-feira, 3 de junho. Essa é a maior compra feita pela companhia em 35 anos de história.

Após o cumprimento das condições precedentes, incluindo a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e outros órgãos antitruste, considerando a presença da Algar Tech MSP na América Latina, a Positivo parte agora para integrar as operações com sua unidade de serviços de infraestrutura de TI, vendo que está com a “loja completa” para crescer sua presença num mercado que, apenas no Brasil, é da ordem de R$ 51 bilhões.

“Nós nos tornamos agora um one stop shop para infraestrutura de TI”, diz Helio Bruck Rotenberg, CEO e um dos fundadores da Positivo, ao NeoFeed. “Qualquer CIO que quiser falar de infraestrutura de TI, ele encontra o que quiser dentro da nossa empresa. Não tem nada que a gente não faça”

Para adquirir a Algar Tech MSP, a Positivo fechou, em março deste ano, um acordo para pagar um total de R$ 235 milhões. Deste montante, R$ 190 milhões foram pagos no fechamento da transação e o valor remanescente de R$ 45 milhões será desembolsado 12 meses após a data de conclusão da aquisição, condicionada ao atingimento de determinadas metas financeiras e operacionais.

O negócio representa um salto da Positivo no segmento de infraestrutura de TI. Com a incorporação, a receita da unidade de serviços e soluções de TI passa de uma participação de 8% da receita total, para aproximadamente 18% já em 2024, com Rotenberg vendo a possibilidade de atingir 20% nos próximos dois a três anos almejados pela companhia.

Nos 12 meses encerrados em setembro, a Algar Tech MSP teve uma receita bruta de R$ 459 milhões, enquanto o Ebitda, no mesmo período, foi de R$ 56 milhões, com margem de 13,4%. “Se tiver espaço para chegar a 25% da receita total, melhor ainda, mas não deve ser mais do que isso, porque faturamos muito em hardware, não adianta dizer que serviços será muito forte”, diz Rotenberg.

Neste primeiro momento, a Algar Tech MSP permanecerá como uma operação independente, diante da necessidade da empresa “cortar o cordão umbilical” com a Algar e seus sistemas, para garantir que os serviços prestados aos clientes não sejam prejudicados.

A Algar Tech MSP atende mais de 160 grandes clientes corporativos no Brasil e exterior, estando presente em 16 países da América Latina, sendo três destes com escritórios próprios – México, Colômbia e Argentina, com cerca de 20% do faturamento vindo de fora. Já a Positivo atende cerca de 1 mil, principalmente de médio e grande porte no Brasil.

Segundo Rotenberg, os primeiros seis a oito meses serão dedicados à transferência operacional, se juntando à estrutura da Positivo. A incorporação não é uma tarefa simples, como se vê pela quantidade de pessoas que serão agregadas. A operação dobra a quantidade de funcionários – a Positivo conta com quase 4,5 mil colaboradores e deve absorver quase 4,5 mil novos funcionários.

As sinergias entre Positivo e Algar

Os principais esforços no período estarão voltados à captura de sinergias do lado comercial, com troca de serviços entre as partes. Um dos argumentos para a aquisição é a possibilidade da realização de cross selling de produtos, considerando a complementaridade de ofertas.

Segundo Rotenberg, a Algar Tech MSP tem bastante experiência na parte de prestação de serviços de gerenciamento de nuvem e infraestrutura de TI, nas coisas consideradas mais “centrais”, enquanto a Positivo trabalha com oferta de hardware e serviços como suporte técnico em equipamentos de informática. A operação também abre caminho para a Positivo vender hardwares aos clientes da Algar Tech MSP, como computadores e servidores.

“Mas tudo será feito com calma, sem afobação”, diz Rotenberg, sem oferecer estimativas de quanto espera obter em sinergias comerciais.

Já a presença da Algar Tech MSP em países da América Latina veio “de brinde”, segundo o CEO da Positivo, mas representa uma oportunidade da empresa levar seus serviços para esses países. A empresa atualmente tem atuado na Argentina com computadores “Neste momento, é fortalecer o posicionamento onde a Algar Tech MSP está do que expandir a outras geografias, levando um composto diferente de produtos e serviços”, diz Rotenberg.

A aquisição da Algar TI faz parte do processo de diversificação das fontes de receita da Positiva, iniciado em 2017, visando reduzir a dependência com venda de computadores e com o canal de varejo. “Continuamos sendo a companhia que informatiza a classe C do Brasil, com muito orgulho, mas resolvemos não depender somente disso”, diz Rotenberg.

A companhia definiu nove áreas para avançar, desde venda de computadores para o setor corporativo, passando por máquinas de pagamento, internet das coisas para residências até a parte de serviços para empresas, apostando tanto em crescimento orgânico quanto M&As.

Segundo Rotenberg, o momento agora é de olhar para dentro da operação, visando integrar a Algar Tech MSP e SecuriCenter, distribuidora de produtos de segurança comprada em junho de 2023, o que significa dar um tempo em operações de fusões e aquisições.

“Já fizemos os M&As necessários para o nosso crescimento. Não estou dizendo que não vamos olhar se surgir alguma coisa boa, mas estrategicamente fizemos o que precisávamos, estamos completos”, diz.