A Petrobras tem o desafio de manter o fornecimento de 31% da geração de energia primária no País até 2050. Mesmo com a pressão global pela descarbonização, a presidente Magda Chambriard disse no evento Itatiaia Eloos que a empresa vai continuar investindo em exploração de petróleo, mas que a companhia tem a capacidade de liderar a transição energética brasileira sob um modelo próprio.

“Se o Brasil vai crescer e a demanda de energia vai subir ao menos 60% nas próximas duas décadas, teremos de crescer junto”, afirmou Chambriard na segunda-feira, 24 de novembro, na Arena MRV, em Belo Horizonte.

“Não há futuro para uma empresa de petróleo sem exploração”, complementou.

A presidente da Petrobras defendeu a necessidade de continuar ampliando a produção de petróleo, especialmente até o pico do pré-sal, previsto para acontecer entre 2030 e 2032. E voltou a insistir na exploração da Margem Equatorial, tratada como condição importante para garantir a reposição de reservas da companhia. Nas palavras dela, uma “condição de sobrevivência”.

Chambriard reforçou que a Petrobras vai buscar manter a liderança no fornecimento de energia ao mesmo tempo em que conduz uma transição que passa, obrigatoriamente, pelos combustíveis fósseis.

Na transição energética, ela afirmou que a busca é por um modelo próprio, onde as energias eólica, solar e hidrogênio verde não são protagonistas.

A Petrobras vai combinar petróleo com biocombustíveis, diesel coprocessado, SAF [combustível sustentável de aviação], bunker renovável [combustível usado para abastecer navios de grande porte] e parcerias com o agronegócio.

A presidente da Petrobras reforçou a aproximação com o agronegócio, setor com o qual a empresa busca sinergias na produção de óleos vegetais, gordura animal e resíduos capazes de alimentar a produção de combustíveis avançados.

“Em 2024, o petróleo cru foi o campeão na pauta de exportações brasileiras. Mas ficamos de olho na soja, no aço, no minério de ferro. E estamos fazendo parceria com todos eles”, disse a presidente da Petrobras no evento da Itatiaia Eloos.

Em outubro, o governo anunciou um pacote de R$ 612 milhões para reestruturar a indústria naval brasileira. Embora a memória recente do mercado aponte para os R$ 40 bilhões queimados no último ciclo de investimento no setor, Chambriard disse que a encomenda de 48 embarcações anima estaleiros, prefeitos e sindicatos.

Segundo ela, o movimento atual é diferente por usar o Fundo de Marinha Mercante, incentivos à construção nacional e uma frota mais limpa - dois navios, segundo ela, já serão entregues no primeiro semestre de 2026.

Os próximos anos da Petrobras serão diferentes, segundo Chambriard. A empresa continuará sendo uma empresa de petróleo altamente rentável que vai financiar sua transição em ritmo próprio e uma nova aproximação com o agro.