Mark Zuckerberg definiu 2023 como o “ano da eficiência” na Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp. Em nota recente aos funcionários, ele definiu seus planos na busca por uma empresa mais enxuta, focada e produtiva, capaz de resistir às incertezas econômicas atuais.

“O ano passado foi um alerta humilhante”, diz Zuckerberg, no memorando. “A economia mundial mudou, as pressões competitivas aumentaram e nosso crescimento desacelerou consideravelmente.” Um choque de realidade que obrigou o executivo a repensar o modo como administra a companhia.

Pelo “novo manual de gestão” da gigante de Menlo Park, nos próximos meses, 10 mil colaboradores serão dispensados. No final de 2022, o corte já atingira 13% da força de trabalho da Meta, em um total de 11 mil demissões.

Providência número dois: tornar a hierarquia da empresa mais plana. Para tanto, Zuckerberg pretende diminuir o número excessivo de gerentes. Muitos, conforme explica no comunicado, perderão o cargo de supervisão. Com isso, o executivo quer tornar a comunicação interna mais ágil.

“Uma organização mais enxuta executará suas prioridades mais rapidamente”, defende ele. “As pessoas serão mais produtivas e seu trabalho será mais divertido e gratificante.”

O que nos leva à medida de número três: projetos de baixa prioridade serão eliminados. Representam, segundo o empreendedor, um fardo para os recursos humanos e logística, como suporte de TI e infraestrutura. “Os custos indiretos aumentam e é fácil subestimá-los”, explica Zuckerberg.

O modelo de trabalho também foi incluído na cartilha de 2023. Durante a pandemia do novo coronavírus, Zuckerberg deu a liberdade para que os funcionários escolhessem onde gostariam de trabalhar. Ele agora reviu essa liberdade.

Como explica na nota, embora a empresa esteja comprometida com a jornada remota e híbrida, a Meta observou que alguns colaboradores, em especial os engenheiros em início de carreira, rendem mais quando vão ao escritório, em, no mínimo, três dias por semana. Na lição número quatro, a troca de experiência com os profissionais mais velhos seria valiosa.

Apesar do enxugamento da empresa, o CEO insiste na importância de “manter a tecnologia como foco principal” da empresa, propõe o ensinamento cinco do novo estilo de administrar de Zuckerberg. A inteligência artificial (IA) será o “maior investimento isolado” da empresa. Ele quer a ferramenta em todos os produtos da Meta.

No mês passado, a companhia apresentou seu novo modelo de IA, o LLaMA. A tecnologia será usada para apoiar pesquisas sobre o tema. “Temos a infraestrutura para fazer isso em escala sem precedentes e acho que as experiências que resultarão dessas iniciativas serão incríveis”, prevê Zuckerberg.

Ao que tudo indica, ele está tirando o pé do freio em relação ao metaverso – sua aposta pesada na tecnologia, ao longo dos últimos tempos, foi uma das causas para a “humilhação” de 2022.

Mas, no comunicado, Zuckerberg, reforça que “construir o metaverso e moldar a próxima geração de plataformas de computação continua fundamental para definir o futuro da conexão social”.

Para terminar, o “manual de gestão” de Zuckerberg indica: acelerar a transição para os novos modelos organizacionais. “As mudanças futuras causam estresse”, reconhece. “Minha esperança é fazer isso o mais rápido possível, neste ano, para que possamos superar o período de incertezas e focar no trabalho que temos pela frente.”

Em sua opinião, as dificuldades econômicas devem perdurar por “muitos anos”, com o aumento das taxas de juros e instabilidade geopolítica. Zuckerberg que que todos na Meta estejam preparados para os tempos de turbulência. Sobre como os demitidos enfrentarão a crise, ele não falou nada.