Se conseguir manter o ritmo até o fim deste ano, a Shein poderá comercializar mais de R$ 1 bilhão em mercadorias no mercado brasileiro até o fim de 2023 somente com seu marketplace. Isso é o que mostram os primeiros dados que a companhia divulgou sobre sua atuação no país nesta frente.

Em uma carta recente para investidores assinada pelo vice-presidente executivo Donald Tang e obtida pela CNBC, a companhia informou que sua plataforma lançada em maio deste ano já conta com 6 mil vendedores locais e que o volume total de mercadorias vendidas está próximo de US$ 100 milhões.

Com o marketplace no Brasil, a Shein permitiu que vendedores locais pudessem utilizar a plataforma de e-commerce para vender seus produtos da mesma forma como é feito em sites como Mercado Livre e Shopee.

Se essa é uma boa notícia para a Shein, não se pode dizer o mesmo para os varejistas brasileiros que estão em pé de guerra com a companhia, acusando a empresa chinesa de práticas nada usuais para conquistar mercado.

Acusada de não recolher impostos, a Shein já crescia em ritmo acelerado por conta de uma estratégia de preços mais baixos do que seus concorrentes locais.

Um relatório do BTG Pactual mostrou que os produtos na varejista chinesa eram até 35% mais baratos do que peças semelhantes comercializadas em lojas de marcas como Riachuelo, C&A e Renner. E isso, ao que parece, deve se intensificar.

No dia 30 de junho, o governo anunciou que isentaria o imposto de importação de produtos de até US$ 50 a partir de agosto - o que intensificou a guerra com os varejistas nacionais que acusam o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, de defender os interesses da Shein.

Planos para IPO

Enquanto reporta resultados de crescimento no Brasil, a Shein vai se preparando para uma possível abertura de capital nos Estados Unidos. O pedido para uma oferta pública inicial de ações foi registrado no fim de junho.

Isso acontece mesmo com o escrutínio do governo americano sobre as empresas chinesas nos últimos anos. No caso da Shein, a empresa está enfrentando acusações de infrações de propriedade intelectual e uso de trabalho forçado. A empresa nega ambos.

Atualmente, a Shein está avaliada, em rodadas de captação privada, em pouco mais de US$ 60 bilhões.