A 11 meses da cerimônia de abertura da Olimpíada Paris 2024, a Speedo está concentrada na inovação. Além da tecnologia para trajes de competição, que ajudaram a quebrar recordes na natação em Jogos Olímpicos passados, a marca quer ganhar a medalha de ouro também com os atletas amadores.

A empresa colocou como meta substituir a matéria-prima da confecção das roupas por materiais sustentáveis. O primeiro produto lançado foi chamado de “green n’ blue” e é feito com 100% de garrafas pet recicladas. Uma camiseta, por exemplo, consome cinco garrafas plásticas.

Para garantir a autenticidade do fio do tecido, toda a coleção vem com o selo de certificação Repreve, a detentora global dessa tecnologia de transformação do plástico para a indústria têxtil. A Speedo se junta a outras marcas esportivas como Patagonia, Quicksilver, Borah Teamwear e EleVen que aderiram à fibra plástica.

Roberto Jalonetsky, diretor-geral da Speedo Multisport, empresa que controla a marca esportiva no Brasil há 45 anos, explica que a sustentabilidade deixou de ser marketing e se transformou em faturamento para os negócios. E quem lida com esporte precisa estar disposto a liderar essa transformação.

“Se não cuidarmos do descarte de lixo e da água, em 2050, proporcionalmente você vai ter mais garrafa pet do que peixe no oceano”, diz Jalonetsky em entrevista ao NeoFeed.

Ele complementa: “Sou uma marca que detém 80% de share de esportes aquáticos. É ou não é um tiro no pé acabar com a água no mundo? Economicamente, é ignorância não olhar para isso”.

Com projeção de vender de 2,5 milhões de produtos Speedo no Brasil neste ano, a marca sabe que neste primeiro momento a linha feita com material reciclável ocupará uma parte pequena nesse SKU. Mas, para popularizar o conceito, a empresa tem subsidiado de 10% a 15% o preço final da linha, que chega ao consumidor entre R$ 90 a R$ 120.

“Temos, sim, como estratégia, o subsídio para que esse produto chegue na ponta com preço igual, sem o adicional que tecnicamente teria. É uma forma de desmistificar o reciclado e popularizar a prática esportiva somada à questão da conscientização, sustentabilidade e ESG”, afirma o diretor geral.

Por mais que a Jalonetsky incentive a mudança no comportamento do consumidor, atualmente a cadeia produtiva não consegue atender uma mudança completa para peças recicladas. Essa transformação, pelos cálculos dele, só deve acontecer daqui a cinco anos ou mais.

Speedo além da água

Além do investimento na produção de uma linha verde, a Speedo está se aventurando no licenciamento de produtos que sejam complementares à prática esportiva. A marca acabou de lançar com a Z2 Foods um gel de carboidrato para o pré e o pós-treino.

Essa categoria de suplementos se junta a outras cinco, que vão dos dermocosméticos, com protetor solar e pomada antiassadura, óculos de sol até equipamentos para ginástica em casa, como esteira e bicicleta ergométrica.

“Onde entendemos que por produção ou tecnologia não cabe à Speedo Multisport, buscamos o licenciamento com outra empresa que tenha os mesmos conceitos e os mesmos princípios. E usamos nossos atletas do elite team para ajudar no desenvolvimento e no teste desses produtos”, afirma Jalonetsky.

Entre os atletas brasileiros de elite patrocinados pela Speedo estão Ana Marcela Cunha, da maratona aquática, Ingrid Oliveira, do saltos ornamentais, Nicholas Santos, da natação, entre outros.