Fundador da WeWork, Adam Neumann está afastado da companhia desde 2019, quando renunciou ao cargo de CEO. Na época, ele foi pressionado para deixar a liderança da empresa após ser revelado que o negócio sofria com problemas de governança e tinha uma situação financeira bem mais complicada do que aparentava.

Mas Neumann não saiu de mãos abanando. Em sua saída, ele garantiu como seu pacote que incluía US$ 245 milhões em ações e mais US$ 200 milhões em dinheiro, segundo o The Wall Street Journal.

Nos últimos dias, a WeWork mergulhou em sua maior crise ao entrar com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos. A companhia chegou a valer mais de US$ 47 bilhões agora tem valor de mercado de menos de apenas US$ 44 milhões. Essa derrocada no preço das ações pode ter custado o investimento de muita gente.

Neumann, porém, não está exatamente na lista de acionistas que têm motivos de sobra para reclamar. Graças a acordos firmados enquanto ele ainda era CEO da rede de escritórios compartilhados, o empresário de 44 anos pode até lucrar com o fim do negócio que criou em meados de 2010.

Para renunciar ao cargo de CEO da WeWork, Neumann fez algumas exigências ao board da companhia. Em especial para o Softbank, o principal investidor do negócio e que já comprometeu mais de US$ 16 bilhões na operação. Além de seu pacote de saída, o empresário negociou junto ao grupo japonês um empréstimo de US$ 430 milhões.

Em troca do dinheiro, ele colocou suas ações na empresa como garantia de pagamento. O acordo poderia ser lucrativo, uma vez que, em 2021, aquele percentual de ações chegou a valer mais de US$ 500 milhões, segundo o FactSet. O problema é que sua participação atual na empresa vale agora pouco mais de US$ 4 milhões.

De acordo com o The Wall Street Journal, há dentro do Softbank o temor de que Neumann não pague o que deve aos credores, fazendo valer a entrega de suas ações. De acordo com uma pessoa familiarizada com o negócio, o fundador da WeWork ainda deve centenas de milhões de dólares ao grupo de Masayoshi Son.

Dados da Bloomberg Billionaires Index mostram que a fortuna de Neumann está avaliada atualmente em US$ 1,7 bilhão. O patrimônio, que em determinado momento chegou a ser de mais de US$ 10 bilhões, foi construído principalmente graças a venda de parte de suas ações para outros investidores. Ele vendeu pelo menos US$ 1 bilhão de suas ações ao longo dos anos, a maior parte para o Softbank.

Seu trabalho atual é gerenciar a Flow, uma startup do ramo imobiliário. No ano passado, a companhia recebeu US$ 350 milhões em um aporte feito pela Andreessen Horowitz.

O grande derrotado na falência da WeWork é o Softbank. O grupo japonês, inclusive, foi obrigado a arcar com US$ 1,5 bilhão em pagamentos para o Goldman Sachs e para outros credores por conta de uma carta de crédito assinada ainda em 2019.

Em seus resultados financeiros divulgados nesta quinta-feira, 9 de novembro, o Softbank informa que já perdeu mais de US$ 14 bilhões dos US$ 16 bilhões que investiu na companhia. No último trimestre, o conglomerado japonês reportou prejuízo de US$ 6,2 bilhões.