Com o tema dos carros elétricos ganhando velocidade, a Volkswagen e a Stellantis estão se juntando para assegurar o acesso a minerais cruciais para a fabricação de baterias, numa operação que deve totalizar US$ 1 bilhão.

Segundo o jornal The Wall Street Journal, as duas montadoras vão aportar US$ 100 milhões cada para capitalizar uma mineradora de capital aberto que vai explorar duas minas no Brasil, uma de níquel e a outra de cobre.

O acordo, anunciado preliminarmente em junho e que está em vias de ser finalizado, prevê que ambas investirão os valores numa SPAC (Special Purpose Acquisition Company), a famosa “empresa de cheque em branco”, chamada ACG Acquisition Company, listada na Bolsa de Valores de Londres.

Quem também está nessa é a Glencore, que vai aportar US$ 100 milhões na SPAC e vai processar o níquel e o cobre extraído das minas em suas unidades na Europa e na América do Norte, para que possam se beneficiar dos subsídios disponibilizados pelos governos europeus e dos Estados Unidos.

Para chegar no US$ 1 bilhão previsto no acordo e fechar a compra das minas, a ACG está realizando um roadshow com investidores profissionais.

A SPAC é liderada por Artem Volynets, que já foi CEO do EN+ Group, controlador da russa Rusal, uma das maiores fabricantes de alumínio do mundo. A empresa foi fundada pelo oligarca russo Oleg Deripaska, que vem sofrendo sanções internacionais por conta da guerra da Rússia contra a Ucrânia.

Alternativas à China

A operação demonstra como as montadoras estão se movimentando em busca desses minerais em regiões fora da China, principal nome no mercado de baterias para carros elétricos. As montadoras buscam matéria prima de locais com boas práticas ambientais e trabalhistas, fatores necessários para se qualificarem aos incentivos governamentais.

No começo do ano, a General Motors (GM) investiu US$ 650 milhões numa produtora de lítio chamada Lithium Americas, que possui minas nos Estados Unidos e na Argentina. A Stellantis anunciou, no final de fevereiro, um investimento de US$ 155 milhões para comprar uma participação minoritária numa mina argentina detida pela canadense McEwen Mining.

Outra montadora que também está buscando assegurar acesso aos metais necessários para a fabricação de baterias elétricas é a Ford. No final de março, ela anunciou acordos com a Vale Indonésia e a chinesa Zhejiang Huayou Cobalt para investir US$ 4,5 bilhões numa fábrica para processar níquel na Indonésia.

A Vale, por sinal, é uma das empresas que está prestes a capitalizar a demanda global por níquel, cobre e outros minerais essenciais para a transição energética. A mineradora brasileira está próxima de vender uma fatia minoritária da unidade de metais básicos para o fundo de investimento público da Arábia Saudita, segundo informações de diversos meios de comunicação, desbancando a GM, que segundo as publicações chegou a procurar a companhia.