O mercado financeiro se animou com o voo inaugural, na manhã de sexta-feira, 19 de dezembro, realizado na cidade paulista de Gavião Peixoto, do protótipo de “carro voador” não tripulado da fabricante de aeronaves elétricas Eve Air Mobility, subsidiária da Embraer.

“Conforme esperado, a profunda expertise em engenharia da Embraer resultou em um protótipo de testes de voo com desempenho em linha com o inicialmente previsto. Seguimos confiantes na capacidade da empresa de executar com sucesso seu plano de testes em voo até a certificação”, diz o Itaú BBA, em relatório.

Segundo os analistas Daniel Gasparete, Gabriel Rezende e Pedro Tineo, no entanto, o valor de mercado da Eve está abaixo de seu potencial. “A Eve continua sendo uma empresa subavaliada, com valor de mercado de US$ 1,7 bilhão, quando comparada a seus pares — as americanas Joby, com US$ 12,6 bilhões, e Archer, com US$ 5,1 bilhões — apesar de possuir a maior carteira de pedidos.”

Os papéis da Eve na Nyse chegaram a registrar alta de 5% durante o dia, mas perderam força e passaram a operar em alta de 0,1% às 17h (horário de Brasília). No ano, a companhia registra queda de 11,2%. O valor de mercado da empresa é de US$ 1,67 bilhão.

No mesmo horário, as ações da Embraer B3 registravam alta de 1%, influenciadas pelo anúncio do sobrevoo na pista de testes da companhia. No acumulado de 2025, ações da fabricante de aeronaves somam valorização de 51,4%. A Embraer está avaliada em R$ 65 bilhões.

Na Bolsa de Nova York, a Embraer também registrou o mesmo ritmo de valorização. Os papéis na Nyse tinham alta de 1,5%, com crescimento de 74% no acumulado de 2025.

O banco afirmou que os próximos passos da companhia envolvem a ampliação gradual do escopo de testes até voos completos sustentados pelas asas ao longo de 2026.A empresa pretende fabricar mais seis protótipos para justamente conduzir essa campanha de testes.

A partir de agora, a fabricante seguirá com as tratativas junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e outros órgãos reguladores para a certificação completa da aeronave. A expectativa é que as primeiras entregas e a entrada em operação do modelo ocorram em 2027.

“Hoje, a Eve voou. Este é um marco histórico para nossos colaboradores, clientes, investidores e para todo o ecossistema de Mobilidade Aérea Urbana”, afirma Johann Bordais, CEO da Eve, em nota.

“Este voo valida nosso plano, executado com rigor para entregar a melhor solução ao mercado. Conseguimos capturar informações cruciais que nos permitirão avançar com segurança e confiança no caminho até a certificação”, completa.

“Validamos elementos críticos, desde nossa arquitetura de rotores sustentadores até a mecânica de voo da aeronave, e agora seguimos para a fase de testes em voo com foco em evoluir a maturidade do produto”, diz Jorge Bittercourt, CPO da Eve.

No início de dezembro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento no valor de R$ 200 milhões para apoiar a Eve na fase de integração e funcionamento dos motores elétricos da primeira aeronave de certificação da empresa.

Com recursos do Fundo Clima (R$ 160 milhões) e da linha Finem (R$ 40 milhões), a Eve seguirá preparando o veículo para o volume de testes. Desde 2022, o BNDES já aprovou R$ 1,2 bilhão em crédito para a Eve em diferentes fases do desenvolvimento do eVTOL, incluindo a construção da fábrica em Taubaté, em São Paulo.

A Eve reportou, no terceiro trimestre de 2025, prejuízo líquido de US$ 46,9 milhões, alta de 31% sobre os US$ 35,8 milhões registrados no mesmo período de 2024. O aumento foi impulsionado pelo aumento nas despesas de pesquisa e desenvolvimento.

Somente nesta rubrica, os gastos saltaram de US$ 32,4 milhões, no terceiro trimestre de 2024, para atuais US$ 44,9 milhões, no terceiro trimestre de 2025. A Eve possui atualmente uma carteira de pedidos de 2,8 mil aeronaves elétricas.