A “dúvida substancial” que o WeWork tinha em relação ao seu futuro em agosto pelo visto não se dissipou e deve forçar a rede de escritórios compartilhados a entrar com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos.
Segundo apuração do jornal The Wall Street Journal, a companhia deve recorrer ao Chapter 11 nas próximas semanas, diante das dificuldades de ressuscitar seus negócios.
A notícia está tendo um efeito devastador sobre as ações do WeWork nesta quarta-feira, 1º de novembro. Por volta das 11h36, os papéis recuavam 51,97% na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), para US$ 1,09.
Procurado pelo WSJ, o WeWork não quis comentar o que o porta-voz classificou como “especulações”
A situação marca a derrocada de uma das companhias mais emblemáticas do período de vacas gordas do mercado de venture capital e private equity, chegando a ser avaliada em US$ 47 bilhões, em 2019, quando tentou abrir o capital pela primeira vez.
O processo, porém, fracassou em meio a uma série de problemas de governança e de má gestão de seu fundador, Adam Neumann, além da desaceleração da economia global e os efeitos da pandemia.
A companhia conseguiu evitar a bancarrota porque o Softbank, que havia despejado um caminhão de dinheiro na operação, saiu em seu resgate.
A situação dilapidou seu valor de mercado, atualmente na casa dos US$ 165,7 milhões. No acumulado do ano, as ações registram queda de 98%.
O WeWork vem tentando colocar a casa em dia, mas sem muito sucesso. Em agosto, a companhia mexeu no board, depois que três diretores renunciaram devido a discordâncias em relação à governança e a direção estratégica da companhia.
Para o lugar deles, a companhia anunciou especialistas em grandes e complexas reestruturações financeiras, numa demonstração do que estava por vir. Eles vinham negociando com os credores do WeWork ao longo dos últimos meses um plano de reestruturação, segundo apuração do WSJ.
A empresa também vem negociando os aluguéis depois de sinalizar as “dúvidas substanciais” a respeito de seu futuro.
Em setembro, durante teleconferência com locadores de imóveis, o CEO interino do WeWork, David Tolley, disse que os aluguéis precisavam ser ajustados para considerar o momento do mercado de imóveis corporativos e da empresa. O WeWork conta atualmente com 777 escritórios compartilhados em 39 países.
No segundo trimestre, o WeWork registrou um prejuízo líquido de US$ 397 milhões, uma melhora de 37,5% em relação à perda apurada no mesmo período de 2022. A receita consolidada subiu 3,5%, para US$ 844 milhões, enquanto o Ebitda ajustado ficou negativo em US$ 36 milhões, melhora de 73%.