A evolução que a Copel apresentou a partir do momento em que foi privatizada, em outubro de 2023, em contraste com os poucos avanços vistos na Cemig desde que se falou em federalizar a companhia, fez com que a XP Investimentos demonstrasse preferência pela companhia paranaense, em contrapartida da mineira, cuja recomendação foi rebaixada.

Os analistas Vladimir Pinto e Bruno Vidal decidiram mudar a recomendação para as ações preferenciais da Cemig de compra para neutro, com preço-alvo de R$ 12,80, o que implica num upside de 13%. Já a recomendação para as ações preferenciais classe B (PNB) da Copel foi reiterada em compra, com preço-alvo de R$ 13,80, indicando um potencial de alta de 36,1%.

Segundo eles, apesar de a administração da Cemig estar entregando ganhos de eficiência e direcionando seu foco para o negócio da distribuição após a recente venda de ativos não essenciais da participação, a pouca visibilidade sobre a União assumir a companhia pesa sobre as ações, que ficam mais sujeitas à volatilidade.

“O ruído político da federalização ainda é um problema”, diz trecho do relatório. “Apesar de todos os esforços feitos pela liderança do Senado, não há indícios de que o governo federal assumirá o controle da empresa.”

Os analistas destacam que existem uma série de entes envolvidos, na esfera federal e estadual, e que o cenário fiscal complica ainda mais as perspectivas de a Cemig ser federalizada.

A indefinição ocorre no momento em que a Cemig está vendendo ativos não essenciais, como foi o caso da participação na geradora Aliança Energia para a Vale. Embora reconheçam os méritos dessa iniciativa, os analistas da XP afirmam que as circunstâncias específicas que envolvem cada ativo tornam os desinvestimentos mais complexos e improváveis de ocorrer no curto e médio prazo.

“Além disso, as concessões hidrelétricas da Cemig que devem expirar em breve, com destaque para Emborcação e Nova Ponte até 2027, respondem por aproximadamente 48% da garantia física de geração da companhia”, diz trecho do relatório.

No caso da Copel, os analistas dizem que a companhia entregou ganhos significativos de eficiência, ao reduzir as despesas operacionais. Um exemplo foi o programa de demissão voluntária, que conseguiu enxugar o quadro de funcionários em 24% desde 2023.

“Prevemos otimizações adicionais no PMSO (pessoal, material, serviços e outros) nos próximos períodos, particularmente em seus negócios de distribuição”, diz trecho do relatório.

A XP destacam ainda a decisão da Copel de se concentrar nas principais linhas de negócio, especialmente distribuição. Para os analistas, as recentes vendas de ativos não essenciais, como a usina termelétrica (UEGA) e a empresa de distribuição de gás natural (Compagas), “não apenas reforçam seu compromisso com a neutralidade de carbono, mas também fortalecem seu balanço”.

Outro ponto positivo para a Copel é o fato de a companhia ter fechado acordo, em abril do ano passado, para renovar as concessões de três hidrelétricas. Os analistas veem a companhia sendo beneficiada pelo clima mais seco, que deve elevar os preços da energia.

“Além disso, um novo leilão de capacidade de reservatório é esperado para o primeiro trimestre de 2025 e representa uma oportunidade valiosa para a Copel abordar sua capacidade hídrica e desbloquear valor adicional, já que a energia hidrelétrica será a principal fonte de energia necessária”, diz trecho do relatório.

Por volta das 11h51, as ações preferenciais da Cemig caíam 0,09%, a R$ 11,33. No ano, os papéis acumulam alta de 29,9%, levando o valor de mercado a R$ 35,1 bilhões.

As PNBs da Copel, por sua vez, subiam 0,30%, a R$ 10,17. No ano, os ativos acumulam alta de 0,30%, levando o valor de mercado a R$ 29 bilhões.