A abertura do NeoSummit Futuro do Varejo, realizado pelo NeoFeed na sexta-feira, 7 de novembro, reuniu dois pesos pesados em seus respectivos segmentos: Alexandre Birman, CEO do grupo varejista de moda Azzas 2154, e Marcos Leal, cofundador da Evino e conselheiro da holding de vinhos Víssimo Group.

O Azzas é fruto da fusão, em 2024, da Arezzo e do Grupo Soma, empresas que fizeram fama a partir do varejo físico e, posteriormente, no digital. A Víssimo Group, por sua vez, foi criada a partir da Evino, um e-commerce de vinhos, e expandiu suas fronteiras ao offline com a compra, em 2021, da Grand Cru.

Apesar das origens distintas e dos caminhos inversos percorridos pelos dois grupos, há um ponto de convergência nesses roteiros – o chamado figital. E, cada vez mais, um consenso sobre esse conceito: não há mais espaço para a separação entre o ambiente físico e os canais digitais.

“O figital é você eliminar qualquer tipo de barreira da experiência física e digital”, disse Birman. “É ter a cliente no centro e ela sentir a mesma experiência, independentemente se está com o aplicativo ou dentro da sua loja. Ela tem que sentir que é uma marca só, um ambiente único.”

Nesse contexto, o CEO do Azzas destacou um dos números fruto dessa relação entre os canais. Hoje, no grupo, cerca de 25% das vendas concluídas nas lojas físicas nascem de um contato remoto, seja via WhatsApp ou outro canal digital, feito pelas vendedoras desses pontos de venda.

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Marcos Lwal, do Víssimo Group

Em outro exemplo dos resultados dessa conexão, mas no caso da Víssimo, Leal destacou que a holding, uma “nativa digital”, já tem atualmente mais da metade do seu faturamento gerada nas lojas da Grand Cru. No caso desses pontos físicos, mais de 60% das vendas começam com uma interação digital.

“Eles não são canais separados. De fato, é uma jornada só, que tem uma multiplicidade de pontos de contato”, disse Leal. “Então, nós temos que atender o cliente onde ele quer ser atendido e o digital e o físico se misturam e se conectam nesse sentido.”

O conselheiro da Víssimo observou que as marcas precisam atravessar os canais, saber interagir e adaptar a forma como se comunicam com os clientes nesse ambiente mais diverso. E ressaltou que um dos dilemas é saber como alocar e mensurar os investimentos em cada etapa dessa conversa.

Na contramão desse desafio, Birman destacou a inteligência artificial como um dos conceitos que vão permitir redesenhar amplamente o varejo. E com algumas questões favoráveis que só reforçam seu otimismo sobre essa onda.

“A boa notícia é que, diferentemente da era da famosa transformação digital, ali por volta de 2015, 2016, que tinha um capex muito alto em tecnologia, a IA são sites, apps e desenvolvimentos que são baratos”, afirmou Birman. “Então, é realmente muito mais uma questão de treinamento e cultura.”

Nesse “bate-bola”, Leal acrescentou: “A IA tem mudado tudo”, disse. “No nosso mundo especificamente, que tem produtos com muita história e complexidade, consigo trazer isso com muito mais precisão e personalização para o meu cliente.”