Em março do ano passado, o executivo Daniel Chor (ex-Multiplan) contou ao NeoFeed os detalhes da Lifely, sua gestora que havia completado seis meses de existência e tinha planos para investir no mercado de proteínas alternativas. Na época, a operação tinha 12 investidas na carteira e planejava dobrar este número. Para isso, a previsão era captar US$ 20 milhões.

Pouco mais de um ano se passou e a Lifely entrou em uma "dieta" com a virada do mercado de venture capital. Com 16 startups investidas, a gestora não pretende mais realizar aportes em novas startups com seu fundo atual. O veículo, aliás, captou US$ 6 milhões – menos de um terço do valor pretendido anteriormente. Do montante captado, há cerca de US$ 600 mil ainda em caixa e que será utilizado para follow on.

“Achamos melhor fazer dessa forma para que o portfólio não fique muito grande”, diz Alexandre Icaza, um dos sócios de Chor na Lifely ao lado de Felipe Krelling, em entrevista ao NeoFeed. “Preferimos nos concentrar nessas investidas e criar um novo fundo para acompanhar esses investimentos.”

A Lifely pretende começar a levantar um novo veículo de investimento no começo do ano que vem junto aos family offices que são investidores de seu fundo atual e com novos investidores. Entre os acionistas atuais estão escritórios de investimentos ligados a Grupo Frescatto e a Carpa Family Office.

O novo fundo ainda não foi completamente desenhado. A previsão é deixar pelo menos 35% do dinheiro que será captado para novos aportes. Se atingir a meta de US$ 20 milhões, essa fatia será de US$ 7 milhões. O cheque mínimo deve partir de US$ 500 mil.

O que não mudou na Lifely foi a tese. Ao longo dos últimos meses, a gestora reforçou sua aposta em formas alternativas de cultivo de proteínas. Essa área inclui desde as proteínas plant-based até a práticas de agricultura celular, técnica na qual são isoladas células utilizadas para o desenvolvimento de carnes sem a necessidade de abatimento dos animais. A previsão de retorno segue entre 8 e 10 vezes.

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Alexandre Icaza e Daniel Chor, sócios da Lifely

Apesar de ser um fundo brasileiro, a Lifely não conta com nenhuma startup local em seu portfólio. Isso se deve ao fato de que esses setores estão mais avançados no exterior. “A ideia do fundo é investimento nas empresas de ponta dessas tecnologias”, diz Icaza.

Entre as investidas atuais estão empresas de plant-based como a eslovena Juicy Marbles e a americana Aqua Cultured Foods. Já a Wildtype produz os peixes utilizados em sushis à base de agricultura celular e já levantou US$ 123,5 milhões junto a investidores como L Catterton, Spark Capital, Temasek, além de Jeff Bezos, Leonardo DiCaprio, Robert Downey Jr., entre outros.

Para conseguir entrar nesses negócios, a Lifely tenta auxiliar os empreendedores em um futuro plano de expansão das operações para o mercado da América Latina. Por ora, como os negócios ainda estão em fase de criação de produtos, a expansão ainda está distante.

Ainda assim, a gestora está otimista de que vai conseguir convencer os acionistas a investirem em seu novo fundo. Para isso, a gestora está estudando uma aproximação das investidas atuais com seus atuais e futuros limited partners (LPs).