O fundo Criatec 4, que é gerido pelas gestoras Crescera Capital e Triaxis Capital, está fazendo o seu primeiro cheque na Proffer, uma startup que ajuda empresas a definirem o melhor preço de um produto.

Fundada em 2021 por Edmilson Varejão e Vinicius Pantoja, a Proffer desenvolveu uma plataforma que traz informações sobre o preço, analisa como ele está inserido no mercado e sugere o melhor preço.

O primeiro mercado de atuação da Proffer com sua plataforma é o de farmácias. Hoje, a startup atende mais de 50 empresas que contam com mais de 1,5 mil lojas, espalhadas por todas as regiões do País.

“Cada produto e cada loja pode ter um preço diferenciado. Imagina uma rede com 10 lojas. Esse é um problema de 100 milhões de linhas de Excel”, diz Pantoja, ao NeoFeed. “As ferramentas atuais têm suas limitações.”

Com o aporte de R$ 3 milhões, o plano da Proffer é começar a expandir para outros segmentos da economia brasileira, bem como trabalhar em melhorias em sua plataforma de preços, usando recursos de inteligência artificial generativa.

“As empresas que oferecem soluções de dados e pricing focam só nos players grandes”, afirma Varejão. “Queremos ajudar o player pequeno.”

O alvo são os pequenos varejistas e distribuidores, mas os próximos setores que a Proffer deve atuar, que são semelhantes ao de farmácia, é o de varejo alimentar, de materiais para construção e de pets.

O modelo de negócio é o SaaS (Software as a Service) e envolve cobrar uma mensalidade do varejista, cujo preço varia de acordo com o número de lojas.

Edmilson Varejão (à dir.) e Vinicius Pantoja, da Proffer
Vinicius Pantoja (à esq.) e Edmilson Varejão, da Proffer

Para ajudar o varejista a definir o melhor preço para um produto, a Proffer coleta mais de 2 milhões de pontos de preço nos canais físicos e digitais (um produto pode ter vários pontos de preços).

A partir daí, a plataforma da startup informa como o preço do produto está no mercado, mostra se o item, naquele ponto de venda, está bem ou mal precificado e sugere um “preço ótimo”.

“A Proffer é a principal empresa na área de precificação para o varejo”, afirma Reinaldo Coelho, sócio da Triaxis Capital. “Com o fundo Criatec 4, buscamos empresas que tenham uma grande chance de ser líder de atuação no mercado em que atuam.”

Fernando Silva, sócio e head de venture capital da Crescera Capital, complementa. “É bem nosso sweet spot”, diz. “Resolve problemas claros, tem modelo de negócio escalável e o modelo é B2B.”

A Proffer conta com 35 funcionários, sendo que 30 deles são da área de tecnologia. Entre eles, por volta de 10 pessoas têm mestrado ou doutorado.

A tese do Criatec 4

A Crescera Capital e a Triaxis Capital foram as vencedoras do edital do BNDES do Criatec 4, que tem R$ 250 milhões captados e pretende chegar a uma faixa entre R$ 300 milhões e R$ 350 milhões.

Nesse momento, além do BNDES, são cotistas do Criatec 4 Fapesp, BNB (Banco do Nordeste), Badesul, BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul) e AgeRio (Agência de Inovação do Rio de Janeiro).

O plano é investir em mais de 30 empresas com o Criatec 4. O estágio de investimento é o seed, podendo chegar até a série A. Os cheques devem variar entre R$ 7 milhões e R$ 15 milhões, com follow ons para as startups do portfólio que estiverem se saindo melhor.

No caso da Proffer, o cheque foi menor, mas ele pode ir crescendo conforme o negócio vai escalando, em uma estratégia que já foi utilizada pelos gestores no Criatec 2, na qual também geriram o capital.

“A ideia do Criatec 4 é seguir a receita que deu certo no Criatec 2: empresas fundadas e tocadas com empreendedores de alta competência”, diz Silva, da Crescera Capital.

No Criatec 2, as duas gestoras fizeram algumas apostas certeiras. Um dos investimentos foi na Vindi, vendida para a Locaweb por R$ 180 milhões. Nesta saída, o retorno do capital investido foi de oito vezes.

A Locaweb comprou também a empresa de ERP Bling, de Bento Gonçalves (RS), por R$ 524,3 milhões, na melhor saída do portfólio do Criatec 2, com um retorno sobre o capital investido de mais de 60 vezes.