A Valetec Capital ganhou musculatura no mercado administrando fundos para empresas, no que é conhecido como CVC (corporate venture capital). Dessa forma, chegou R$ 1 bilhão sob gestão e tem 10 companhias como clientes.

Atualmente, a gestora administra os fundos de Vibra (Vibra Ventures), Eurofarma (Neuron Ventures), Anima (Anima Ventures), Abertta (Ygeia Ventures), LWSA (LW Ventures), Dexco (DX Ventures), ArcelorMittal (Açolab Ventures) e Tellescom (Amazônia Ventures) – mais empresas estão no portfólio, mas ainda são guardados sob sigilo

Agora, a Valetec Capital está criando um braço de negócio que segue a linha de seu “CVC as service”. A gestora está abrindo uma unidade de venture builder, cujo objetivo é ajudar as corporações a desenvolverem sua área de novos negócios e criar empresas do zero.

“O objetivo é criar negócios que têm o potencial de virar os ponteiros das empresas”, afirma Peter Seiffert, fundador e CEO da Valetec Capital, ao NeoFeed.

A Usina São Martinho e a Usina Lins são as duas primeiras empresas a usarem o corporate venture builder da Valetec Capital. Mas elas ficaram apenas na consultora estratégica, na qual a gestora ajudou na estruturação da área de novos negócios e na análise e seleção de oportunidades

O foco da Valetec Capital é desenvolver negócios com equipe própria. Nessa área, além dos fees de consultoria, o plano da gestora é ficar com uma fatia que pode variar de 5% a 15% do negócio. “Antes, isso era um palavrão (a empresa dar equity). Mas agora o mercado está preparado para esse modelo”, afirma Seiffert.

A ideia de Seiffert é usar sua experiência em venture builder para conquistar clientes. Ele é um ex-executivo da Embraer que ajudou a fabricante brasileira de aviação a desenvolver sua área de aviões executivos, um negócio que hoje movimenta quase R$ 7 bilhões.

A entrada em venture builder também pode ser um amortecedor para a freada que aconteceu com os CVCs, o ganha-pão da Valetec Capital. Após anos recordes, as operações de empresas investindo em startups perderam o fôlego.

Em 2023, as operações que tiveram ao menos um CVC como investidor somaram R$ 2,2 bilhões ante R$ 5,6 bilhões em 2022, queda de 60%, segundo Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP)

A situação não foi melhor em 2024. Nos cinco primeiros meses deste ano, as transações de CVC somaram R$ 500 milhões, uma queda de 44,4% em relação ao mesmo período em 2023, quando R$ 900 milhões foram investidos pelas empresas em startups.

Seiffert diz que tem ganho dois CVCs por ano e que, em média, faz 30 investimentos anuais. Ele acredita que, a partir de agora, o mercado deve começar a se recuperar.  “Acredito que já passou o ciclo da desilusão. Agora, vamos entrar em um ciclo mais estável”, diz o CEO da Valetec Capital.

De qualquer maneira, a ideia de entrar em venture builder é uma forma de diversificação. A estimativa é que essa área possa representar até 30% da receita em três anos.