Em março de 2020, a chegada da Covid-19 frustrou os planos de expansão da InstaCarro, startup fundada cinco anos antes e que conecta quem quer vender um carro a lojistas distribuídos em todo o País, por meio de leilões digitais.
Agora, a empresa está retomando esse percurso e com o tanque cheio. A InstaCarro anuncia nesta quarta-feira a captação de um aporte série B de R$ 115 milhões, liderado pelos fundos americanos J Ventures, FJ Labs e Rise Capital, que já investiam na operação.
Com o aporte, os fundos All Iron Ventures e Big Sur, da Espanha, também embarcaram na operação. Até então, a companhia havia levantado mais de R$ 100 milhões junto a investidores, em outras quatro rodadas.
“Estamos em um momento positivo, há cinco anos no mercado e com nossa operação muito redonda em São Paulo”, diz Luca Cafici, fundador e CEO da InstaCarro, ao NeoFeed. “Já era a hora de começar a nossa expansão nacional e esse capital vai nos permitir chegar em muitas outras regiões do País.”
Com duas lojas em São Paulo, o primeiro passo do crescimento dessa rede, já turbinado pelo aporte foi dado em julho, com a abertura de uma unidade em Curitiba (PR). Depois dessa inauguração, a startup prevê a chegada em até 18 cidades nos próximos meses.
Esse mapa vai incluir capitais como Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Goiânia (GO) e Belo Horizonte (BH), além de cidades como Santos (SP), Campinas (SP) e Joinville. “Vamos abrir ao menos uma por cidade, investir na construção dos times locais e da nossa marca nessas praças”, afirma Cafici.
Além do crescimento da rede de unidades físicas, parte do investimento captado será reservada às contratações, especialmente em áreas como produto, tecnologia e marketing. Até o fim do ano, o plano é dobrar equipe, formada atualmente por 120 profissionais.
Em um terceiro movimento a partir da nova rodada, a InstaCarro planeja diversificar seu campo de atuação e também começar a vender carros por meio da sua plataforma. O lançamento está previsto ainda para esse ano, começando por São Paulo.
“Hoje, 50% dos clientes que nos procuram também estão querendo comprar outro veículo”, explica Cafici. “Nossa ideia é ter uma experiência de ponta a ponta, pra que eles resolvam todos os seus problemas num lugar só.”
A empresa já tem um projeto-piloto do serviço em testes. A ideia é que a operação conte com unidades físicas e recursos como um catálogo digital, com a opção de o consumidor efetuar todo o processo de compra 100% online. “Aos poucos, vamos incorporar outros serviços, como financiamento e garantia”, observa Cafici.
No modelo pelo qual a InstaCarro ficou conhecida, a pessoa interessada em vender o veículo pode agendar uma vistoria gratuita em alguma unidade ou em sua própria residência. Essa última modalidade foi lançada na pandemia e já responde por 90% dos negócios fechados.
Finalizada essa etapa, que leva, em média, de 30 a 45 minutos, o veículo é ofertado em um leilão na plataforma da empresa, que hoje conta com uma base de 4 mil lojistas.
O processo dura até uma hora e, caso a venda seja concluída, a InstaCarro tem direito a uma taxa que varia, em média, de 3% a 6%. Em cinco anos no mercado, a operação da InstaCarros já movimentou mais de R$ 1 bilhão em transações.
Para ampliar esses números, a empresa vai encontrar pela frente outras startups e empresas que, com diferentes abordagens, também apostam na compra e venda de usados e seminovos com um modelo que mescla o físico e o digital.
“Hoje, esse modelo é a menina dos olhos do mercado”, afirma Milad Kalume, analista da consultoria automotiva Jato Dynamics. “Além de pioneiros como a Webmotors, existem empresas bem capitalizadas e disputando o mesmo filão.”
Entre essas companhias estão a brasileira Creditas, que, há uma semana, confirmou a compra da Volanty, startup de compra e venda de carros usados, para reforçar o Creditas Auto, braço lançado em maio deste ano.
O investimento da empresa coincide com a chegada ao País da Kavak, unicórnio mexicano que foi avaliado em US$ 4 bilhões em abril desse ano, quando captou uma rodada de US$ 485 milhões, liderada pelos fundos D1 Capital Partners, Ribbit Capital, Bond e Founders Fund. Em seu desembarque, a startup revelou que irá investir R$ 2,5 bilhões na operação brasileira.