A Lightspeed Venture Partners está realizando o seu primeiro aporte em uma startup brasileira. A gestora, que já investiu em companhias como Snap e Epic Games e tem mais de US$ 18 bilhões em ativos sob gestão, está liderando uma rodada seed na Cumbuca, uma fintech que está tentando reinventar a conta conjunta.

O aporte de US$ 3 milhões conta também com a participação da Supera Capital, o fundo de venture para startups early stage da Globo Ventures. “O dinheiro vai ser usado para o lançamento do cartão e para colocar a licença para operar como instituição de pagamento no ar”, diz Daniel Ruhman, fundador e CEO da Cumbuca, em entrevista ao NeoFeed.

Esse é o segundo investimento recebido pela Cumbuca. Antes, a empresa havia captado US$ 1 milhão junto a Y Combinator, a Verve Capital e investidores-anjo como Renato Freitas (fundador da 99), Fernando Gadotti (fundador da Doghero) e Guilherme Weege (CEO do Grupo Malwee).

A sócia da Lightspeed Venture Partners, Mercedes Bent, disse, em nota, que o primeiro investimento da gestora no Brasil veio “no momento certo” e que enxerga a Cumbuca como uma das pioneiras no conceito de open banking. Globalmente, a gestora americana é conhecida por investir em fintechs. Exemplos são a Stripe, avaliada em US$ 50 bilhões, e Affirm, que abriu o capital na Nasdaq e vale US$ 4,5 bilhões.

Fundada em 2021, a Cumbuca é uma plataforma de finanças multi-usuários em que cada um tem uma conta individual, mas que podem habilitar permissões coletivas para dividir despesas, como pagar contas ou compartilhar os custos de uma viagem.

Através do aplicativo, o correntista pode convidar quem quiser para dividir saldo e pagamentos. Cada membro do grupo pode adicionar dinheiro à conta e usar esse recurso para efetuar pagamentos na proporção escolhida – usando seu próprio saldo ou o de outros membros. Todos os que estão compartilhando a conta tem acesso aos pagamentos realizados, podem baixar comprovantes e acompanhar depósitos e retiradas.

O débito do dinheiro depositado na Cumbuca é feito somente através de pagamentos via PIX, transferências TED e pagamento de boletos bancários – método no qual a companhia ganha um take rate de cada pagamento realizado.

Até o fim deste ano, a startup deverá lançar um cartão próprio com a bandeira Mastercard, que será vinculado à conta no aplicativo. A Cumbuca não detalha aspectos do produto, nem explica se ele irá funcionar na modalidade crédito ou apenas em débito. O que se sabe é que a companhia está costurando parcerias nesta frente.

A Cumbuca, no entanto, não tem aspirações de se tornar um banco. O que, segundo Ruhman, foi um dos pontos que atraiu os investidores para o novo round. “Queremos deixar de ter a custódia do dinheiro. Não queremos ser um banco”, afirma.

O aplicativo da Cumbuca
O aplicativo da Cumbuca

Para deixar de fazer a custódia do dinheiro, a Cumbuca tem pretensão de se conectar a outros bancos. O objetivo é permitir que as contas dentro da plataforma sejam debitadas diretamente das contas correntes dos usuários em qualquer instituição de pagamento. A expectativa é fazer isso em algum momento de 2024.

Essas novas modalidades devem aumentar as frentes de receita da companhia. No futuro, a companhia não descarta o lançamento de uma versão com recursos adicionais e que serão acessados somente por meio de uma assinatura.

A Lightspeed, que faz seu primeiro aporte em uma startup brasileira, é uma das gestoras de venture capital mais respeitadas dos Estados Unidos. Fundada em 2000, na Califórnia, já captou 28 fundos e atua em diversos estágios, desde o early stage até o private equity.

No ano passado, em meio ao inverno das startups, conseguiu um feito considerado difícil no mercado de venture capital: conseguiu captou três fundos que, somados, chegam a quase US$ 7 bilhões, segundo o Crunchbase.