A Microsoft abandonou o cargo de conselheira de administração observadora da empresa de inteligência artificial OpenAI na terça-feira, 9 de julho, dizendo que a posição não era mais necessária já que governança da companhia melhorou significativamente.
“Nos últimos oito meses, testemunhamos um progresso significativo por parte do conselho recém-formado e estamos confiantes na direção da empresa”, disse a Microsoft em na carta-renúncia de seu assento no conselho.
O anúncio ocorre após meses de questionamento dos reguladores mundiais sobre a posição da empresa e sua intervenção na companhia como acionista. O lugar no assento de observador poderia ir para a Apple, mas após a empresa anunciar no mês passado que usará o ChatGPT, da OpenAI para seus dispositivos isso não é mais cogitado.
À mídia internacional, um porta-voz da OpenAI disse que a empresa estabelecerá uma nova abordagem de engajamento, organizando reuniões regulares de partes interessadas com parceiros estratégicos como Microsoft e Apple e investidores como Thrive Capital e Khosla Ventures.
A Microsoft assumiu uma posição de observadora sem direito a voto no conselho da OpenAI em novembro do ano passado, depois que o CEO da OpenAI, Sam Altman, retomou as rédeas da empresa que opera o chatbot de IA generativo ChatGPT, após ser demitido pelo conselho e levar as ações da Microsoft a derreterem US$ 49 bilhões em valor de mercado.
A vaga significava que ela poderia participar das reuniões do conselho da OpenAI e acessar informações confidenciais, mas não tinha direito de voto em questões como a eleição ou escolha de diretores.
No entanto, o assento de observador e o investimento de mais de US$ 10 bilhões da Microsoft na OpenAI provocaram desconforto entre os órgãos antitruste na Europa, Reino Unido e EUA sobre o seu controle sobre a OpenAI.
A Microsoft citou as novas parcerias, a inovação e a crescente base de clientes da OpenAI desde o retorno de Altman à startup como a razão para abrir mão de seu assento de observador.
“Diante de tudo isso, não acreditamos mais que nosso papel limitado como observador seja necessário”, afirmou em carta à OpenAI datada de 9 de julho.
No início deste ano, a Comissão Federal de Comércio abriu uma ampla investigação sobre o investimento da Microsoft na OpenAI, enquanto a Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido disse que estava analisando se a parceria deveria ser considerada uma fusão de fato.
A União Europeia também examinou a parceria do ponto de vista do controle das fusões para determinar se a Microsoft tinha adquirido o controle duradouro sobre a OpenAI. Margrethe Vestager, a líder da concorrência da UE, disse no mês passado que o bloco concluiu que este não era o caso, mas prometeu que a UE continuaria a monitorizar a relação.
Em contraste, os antitrustes britânicos e norte-americanos continuam a ter preocupações e dúvidas sobre a influência da Microsoft sobre a OpenAI e a independência desta última.
Desde a estreia do ChatGPT e de uma série de outros produtos de IA, as empresas apressaram-se a assinar acordos com empresas de IA como a OpenAI, criando alianças fortes entre elas para gerarem sinergias. Por exemplo, a News Corp, proprietária da Dow Jones Newswires e do The Wall Street Journal, tem uma parceria de licenciamento de conteúdo com a OpenAI.
A Microsoft e a OpenAI competem cada vez mais para vender tecnologia de IA a clientes empresariais, com o objetivo de gerar receitas e demonstrar a sua independência aos reguladores para abordar questões antitruste.
Além disso, a Microsoft está a expandindo as suas ofertas de IA na plataforma Azure e contratou o CEO da Inflection para chefiar a sua divisão de IA de consumo, um movimento amplamente interpretado como um esforço para diversificar além do OpenAI.