O empreendedor Leonardo Gasparin e o investidor Patrick Arippol se conhecem desde meados de 2014. Na época, Gasparin era um dos sócios da Neemu, empresa que oferecia ferramentas de busca e recomendação para e-commerces.
Nos anos que sucederam, Arippol e Gasparin continuaram em contato. Em 2016, o empresário criou a Kunumi, que oferecia soluções de inteligência artificial. Já na Alexia Ventures, gestora que criou em 2019 ao lado de Wolff Klabin, Arippol considerou investir na operação, mas não o fez.
“Não se encaixava na nossa tese”, afirma Arippol, ao NeoFeed. Ambas as empresas foram vendidas. A primeira para a Linx, em 2015; e a segunda para o Bradesco, no fim do ano passado.
Quase uma década se passou e Arippol vai finalmente investir em uma empresa de Gasparin. No caso, a CUB, startup que oferece soluções financeiras para o setor imobiliário. A empresa acaba de captar de R$ 14 milhões com a Alexia Ventures.
O investimento faz parte de uma rodada seed, aberta ainda em 2022, quando a fintech foi fundada e financiada por TerraCotta Ventures, uma das principais investidoras de proptechs do Brasil, e a Graphene Ventures, dos Estados Unidos, que já aportou as brasileiras Rocket.Chat e Senhasegura e nas gigantes Snap e Lyft.
“A Alexia entra para complementar a rodada”, diz Leonardo Gasparin, CEO e cofundador da companhia ao lado dos sócios Fábio Coutinho, Lucas Zago, Caio Alves e Thais Matoszko.
Fundada em 2022, a CUB oferece serviços de gerenciamento de recebíveis para loteadoras e incorporadoras. A operação também tem um braço de originação de crédito para empréstimos entre R$ 500 mil e R$ 5 milhões. Ao todo são cerca de 30 clientes atendidos.
Para ganhar dinheiro, a companhia cobra um take rate de cada contrato fechado. Em média, a alíquota cobrada fica em 1,66%. Ao todo, a companhia diz que já transacionou cerca de R$ 60 milhões. A expectativa é chegar em 300 clientes até o fim do ano e atingir um TPV próximo de R$ 1 bilhão.
Na prática, a CUB oferece uma plataforma que permite o contato facilitado entre os clientes das incorporadoras e os loteadores. Na mesma plataforma é possível emitir boletos para serem pagos por transferência, PIX ou cartão de crédito e renegociar dívidas.
Gasparin diz que a companhia compete indiretamente contra players que oferecem serviços de cobrança automatizadas, portais de cliente e chatbots para atendimento. “Cada solução é contratada individualmente, a gente oferece o chassi inteiro”, afirma.
De acordo com o fundador, o dinheiro será usado no desenvolvimento do produto e também em marketing. A ideia é lançar novas ferramentas e facilitar a integração com mais ERPs.
A Alexia Ventures não revela quanto investiu por conta própria nessa rodada, mas a gestora que levantou um fundo de US$ 100 milhões costuma trabalhar com cheques entre US$ 200 mil e US$ 5 milhões. No radar estão companhias latino-americanas que operam em modelo B2B em rodadas seed e série A. A gestora já investiu em empresas como Logcomex, Hashdex e Rocket.Chat.
Arippol conta que começou a avaliar a possibilidade de investir na CUB ainda em 2022. Na época, porém, a companhia ainda operava em um modelo B2C. “O que não se enquadrava pra gente, que foca em B2B e em empresas capital efficient”, afirma. Com a mudança do modelo de negócio, as conversas ganharam força no começo deste ano.