Uma das principais concorrentes da OpenAI na corrida pela inteligência artificial, a startup francesa Mistral AI está próxima de levantar mais uma rodada. A companhia está negociando um aporte de € 500 milhões que poderá mais do que dobrar o valuation do negócio para pelo menos € 5 bilhões.

A nova rodada de investimento está sendo negociada com diferentes investidores, mas os nomes dos envolvidos ainda são mantidos em sigilo. Com menos de um ano de existência, a Mistral já levantou mais de € 400 milhões e foi avaliada na última rodada em € 2 bilhões.

Entre os investidores que já aportaram no negócio estão as gestoras Lightspeed Venture Partners, Andreessen Horowitz e General Catalyst. Empresas como Nvidia e Salesforce também estão no grupo de acionistas.

Ainda que o valuation possa mais do que dobrar, a cifra ainda é baixa em comparação a da OpenAI. A principal concorrente da Mistral está avaliada em cerca de US$ 80 bilhões, segundo o The New York Times.

Em fevereiro, a Mistral fechou uma parceria com a Microsoft, que é a principal investidora da rival OpenAI. Houve um novo aporte financeiro na operação, mas os detalhes não foram revelados. Ao Financial Times, a Microsoft informou que não reteve participação no negócio.

A ideia é que a startup francesa colabore no desenvolvimento de aplicações de inteligência artificial para a Microsoft na Europa. Na prática, isso significa o desenvolvimento de modelos de linguagem para serem utilizados na Azure, a divisão de computação em nuvem da companhia.

A principal diferença entre a OpenAI e a Mistral é que a segunda aposta em um modelo de código aberto de seu negócio. A Mistral permite que outros desenvolvedores usem sua ferramenta como base para a construção de novos aplicativos de AI.

A Mistral foi fundada em maio de 2023 por Arthur Mensch, Guillaume Lample e Timothée Lacroix, três ex-funcionários de gigantes como Meta e Google. A companhia tem um chatbot de inteligência artificial chamado Le Chat. O produto é semelhante ao ChatGPT, da OpenAI.

Ao FT, um investidor da companhia afirmou que o êxtase em torno da Mistral abriu a possibilidade para um novo investimento em um período tão curto desde o último round. Esse mesmo investidor, contudo, disse que a startup ainda tem dinheiro suficiente em caixa para desenvolver seu próximo modelo de inteligência artificial.

Esses modelos são chamados de large language models (LLMs) e estão no cérebro dos chatbots de inteligência artificial generativa. Sem esse modelo de linguagem é impossível que as ferramentas produzam textos e códigos de programação de forma autônoma.

Para treinar os modelos, a empresa precisa investir em chips de inteligência artificial que são fabricados por gigantes como a Nvidia, que é uma das parceiras da companhia francesa.

Seu primeiro modelo de chatbot de inteligência artificial levou cerca de 10 meses para ser lançado. O investimento feito pela companhia, até então com 10 funcionários, para atingir o feito não superou US$ 500 mil. Com mais usuários, a tendência é que esses gastos fiquem maiores.