O WeWork não é mais uma startup de tecnologia. Agora, oficialmente. A empresa que chegou a valer US$ 47 bilhões por se vender como uma companhia iniciante cool e tecnológica recrutou um veterano da indústria imobiliária para ser seu novo CEO.
O indiano Sandeep Mathrani, que comandará a empresa de compartilhamento de escritórios, era o CEO do grupo de varejo da Brookfield Property Partners, uma das principais proprietárias de shoppings dos Estados Unidos.
O executivo assume o WeWork com a missão de torná-la rentável e tirá-la da crise que quase a levou à falência – o que só não aconteceu porque o Softbank a resgatou, assumindo o controle e tirando o fundador Adam Neumann da função de CEO e chairman da companhia.
Mathrani tem experiência em lidar com empresas à beira da falência ou com problemas financeiros. Em 2011, ele foi chamado para resgatar a General Growth Properties (GGP), a segunda maior dona de shoppings dos Estados Unidos, que quase foi a falência por conta da recessão de 2008.
Seis anos depois, ele vendeu a GGP para a Brookfield Property Partners, em um negócio de US$ 15 bilhões. Com isso, ganhou reputação de conseguir fazer grandes viradas empresariais. “Tive um pouco de oportunidade e um pouco de sorte”, disse ele, em um evento do setor imobiliário, no ano passado.
À frente da Brookfield Property Partners, Mathrani fez ainda um investimento na Industrious, um rival do WeWork, que recebeu um aporte de US$ 80 milhões, em agosto do ano passado, de diversos investidores, incluindo a Brookfield.
O desafio de Mathrani, agora no comando do WeWork, será enorme. Ele trabalhará muito próximo a Marcelo Claure, que assumiu o posto de chairman da companhia e buscava um executivo para liderá-la nessa nova fase sem o seu fundador.
Mathrani colocará em prática um plano desenhado pelo Softbank, cujo objetivo é fazer com que o WeWork seja lucrativo até 2023
De acordo com uma reportagem do The Wall Street Journal, o WeWork deve anunciar novos membros para o seu conselho de administração, bem como executivos para as áreas de finanças, de marketing e de comunicação em breve.
O novo time executivo colocará em prática um plano desenhado pelo Softbank, cujo objetivo é fazer com que o WeWork seja lucrativo até 2023, segundo a agência de notícias Bloomberg.
Mathrani terá de tomar decisões difíceis, como avaliar as operações na China e renegociar contratos de aluguéis de espaços nos Estados Unidos. O foco, segundo fontes próximas da companhia citadas pelo WSJ, é não parar a abertura de novos espaços, mas o ritmo será menor e buscará sempre a rentabilidade.
No terceiro trimestre do ano passado, as perdas do WeWork foram de US$ 1,3 bilhão para um faturamento de US$ 934 milhões.