Na quinta-feira, 27 de março, os candidatos à presidência dos Estados Unidos, Joe Biden e Donald Trump, se enfrentaram pela primeira vez no ano em um debate. E o tema da inflação, como esperado, ganhou um espaço relevante, assim como a imigração e outros temas.

“Essas eleições com certeza vão trazer volatilidade. Mesmo sendo duas tentativas de reeleição, em que se conhece muito bem os candidatos, há muito em jogo”, afirma João Scandiuzzi, estrategista-chefe de portfólio solutions do BTG Pactual, ao Wealth Point, do NeoFeed.

“Tirando o tema da industrialização, no qual eles têm opiniões muito similares de aumentar subsídios para retomar a manufatura americana, no resto são muito opostos. E a depender de quem ganhar, os EUA e o mundo terão direção contrária”.

Uma eleição de Trump, por exemplo, significaria um cenário mais complicado para China e Europa, com um dólar mais forte, além da pressão de valorização mundial com juros altos por mais tempo.

Se o exterior já oferece motivos suficientes para a valorização do dólar, o Brasil tem colocado mais lenha nessa fogueira. Ruídos políticos têm feito o mercado desconfiar da isenção da política monetária e da concretude da política fiscal, o que resulta na desvalorização do real, que ultrapassou nos últimos dias a marca de R$ 5,50.

Com esse patamar de câmbio, muitos brasileiros têm hesitado em crescer a sua alocação no exterior. Na visão de Marcelo Santucci, cohead de portfólio solutions global do BTG Pactual, esse pode ser um erro, pois no momento existem oportunidades únicas de investimento nos EUA:

“Uma alocação estrutural em moeda forte em cerca de 30%, com o tamanho a depender da necessidade de cada um, é importante. Então, quem está ainda construindo esse portfólio não deveria pensar na cotação do câmbio, mas na importância da diversificação e que, principalmente, as opções de investimento estão extremamente atraentes”.

A renda fixa americana é a principal recomendação de alocação do BTG, pelas altas taxas de juros. Em especial, o banco aposta nas subclasses de títulos públicos atrelados à inflação, Treasury Inflation-Protected Securities (TIPS), em títulos corporativos com grau de investimentos. E, mais recentemente, estão vendo oportunidades títulos corporativos high yield de mercados americanos, que com o mesmo grau de risco estão apresentando um retorno muito maior que os bonds emergentes.

Já na bolsa, que segue com valorização acima de 25% no S&P 500 e de 30% na Nasdaq, a recomendação é de cautela, com recomendação de subalocação (abaixo do nível neutro).

“A classe de renda variável, pelos juros estarem altos por mais tempo, seguimos um pouco abaixo da alocação alvo. Porém, estamos aplicando para bater o benchmark nos setores que a gente entende que façam parte dessa tese de investimento, como tecnologia e saúde”, explica Santucci.