A Dolado, plataforma que conecta vendedores digitais à indústria, nasceu em 2020 em meio a um momento aquecido para o segmento de marketplaces B2B. Com foco em pequenos negócios do segmento de eletrônicos, a companhia viu seu número de clientes crescer em pouco tempo, até que o mercado virou completamente.

A "maré de azar” começou a se desenhar ao longo de 2021, quando algumas dessas teses, que chamavam tanto a atenção do mercado, começaram a não parar de pé, demandando cada vez mais dinheiro e entregando poucos - ou nenhum - resultado.

“Naquele momento, toda aquela aposta e o que vimos acontecendo lá fora foi por água abaixo”, afirma Guilherme Freire, CEO e cofundador da Dolado, ao Vida de Startup, programa do NeoFeed.

“Nós começamos a ver diversos empreendedores, no Brasil e fora do país, tendo que devolver dinheiro para os investidores, o que nos fez duvidar se a nossa escolha de tese e mercado tinha sido equivocada”, complementa.

Na época, com a pandemia no auge, as companhias só pensavam em como digitalizar o seu negócio, o que fez gigantes como Vtex e Salesforce ganharem ainda mais relevância mundo afora.

A mesma movimentação foi sentida no Brasil, o que resultou em diversas rodadas de investimento focadas no segmento. Em dezembro daquele ano, a Dolado levantou US$ 2,2 milhões com fundos como Valor Capital, Flourish Ventures e GFC.

Para enfrentar o primeiro perrengue do negócio, a decisão dos três fundadores da companhia, que inclui também Khalil Yassine e Marcelo Loureiro, foi completamente contrária ao esperado pelo mercado. Ao contrário de usar o dinheiro que tinha acabado de receber na rodada para estimular esse crescimento, a Dolado decidiu “sentar” no dinheiro e focar em um plano de negócios, deixando a escalabilidade de lado por um momento.

A decisão não agradou os investidores da startup e um deles até tentou fazer uma intervenção na companhia, já que boa parte de seu portfólio estava em ascensão e apenas a Dolado tinha optado por não seguir esse caminho.

“Naquela hora, eu falei: ‘cara, eu não vou ser irresponsável e sair queimando caixa, em um momento que eu acho que vai vir uma grande mudança’, e ela veio”, diz Freire.

“Imagina você chegar para o seu investidor, com uma empresa grande, que captou mais de R$ 60 milhões, e falar ‘lembra aquela tese que você investiu? Então, ela não vai acontecer’. Foi um momento de muita tensão”, complementa.

Foi nesse momento que a Dolado parou e repensou o seu negócio, com ajuda de investidores que decidiram ficar dentro da companhia. A grande virada de chave, na visão do CEO, foi mudar o foco dos vendedores físicos para os comerciantes online, que já sabiam se posicionar nesse meio.

“Ao fazer essa mudança, nós tiramos gastos grandes com mudança de estrutura, além de conseguir deixar a informalidade do segmento de lado”, afirma Freire.

Atualmente, a Dolado conta com 500 clientes e espera atingir 1 mil em 2025.