Em meio às preocupações com as consequências da disputa geopolítica entre Washington e Pequim e sinais de desaceleração da economia chinesa, os investidores estrangeiros estão batendo em retirada dos mercados de ações da segunda maior economia do mundo.
Um levantamento realizado pelo Financial Times mostra que mais de três quartos dos recursos estrangeiros aportados no mercado de ações chinês nos primeiros sete meses do ano já deixaram o país. Isso representa uma venda total de quase US$ 25 bilhões em ações.
A forte venda vista nos últimos meses deve fazer com que o saldo do fluxo estrangeiro na China feche o ano no menor patamar desde 2015.
Os números mostram uma reversão da tendência vista no começo do ano, quando o apetite dos investidores globais por ações chinesas estava forte, diante das expectativas de uma forte retomada da economia após o fim da política de “Covid zero” do governo.
Os números fracos da economia mais os riscos associados a uma crise no mercado imobiliário local forçou os fundos internacionais a desfazerem de suas posições no mercado de ações da China.
A saída dos estrangeiros fez com que o índice CSI 300, que reúne as 300 maiores companhias listadas nas Bolsas de Xangai e Shenzhen, acumulasse uma queda de mais de 11% no ano, em dólar, enquanto os principais índices dos mercados do Japão, da Coreia do Sul e da Índia registram alta de 8% a 10% em 2023.
Quem está se beneficiando dessa saída dos estrangeiros da China são Índia e Coreia do Sul, que registram fluxo positivo de US$ 12,3 bilhões e US$ 6,4 bilhões no ano, respectivamente, de acordo com cálculos do Goldman Sachs.
No caso do mercado sul-coreano, a entrada dos estrangeiros pode fazer com que Seul registre o primeiro saldo positivo líquido de aportes do exterior desde 2019.
Já o Brasil aparece distante do radar dos investidores que estão saindo da China, diante dos juros altos vistos aqui e lá fora, além das incertezas macroeconômicas, especialmente do lado fiscal.
Segundo levantamento feito pelo consultor Einar Rivero ao NeoFeed a partir de dados da B3, o fluxo de recursos estrangeiros acumulado no ano até o dia 16 de novembro ficou positivo em R$ 25,8 bilhões, ou US$ 5,3 bilhões na cotação atual.
A B3 registrou saldo negativo em seis dos dez meses até outubro, com os saldos de R$ 13,5 bilhões apurados em junho e R$ 12,5 bilhões ajudando a manter o total no campo positivo.
No ano passado, a B3 registrou uma movimentação recorde de investidores estrangeiros, com o fluxo ficando positivo em R$ 119,8 bilhões.