As altas temperaturas no fim de 2023 trouxeram desconforto para a maioria da população brasileira e um alerta ainda mais latente sobre o aquecimento global. Mas quem não teve motivos para reclamar do calor extremo foi a Ambev, que expandiu as vendas no quarto trimestre.
A avaliação é dos analistas da XP Investimentos, que afirmam que os dados de produção colhidos em novembro, combinados com as temperaturas elevadas, deixam espaço para otimismo em relação aos resultados da companhia de bebidas nos últimos três meses do ano passado.
“Com os fortes dados de novembro, nosso modelo de regressão está agora estreitamente alinhado com nossa projeção para o quarto trimestre da Ambev em 26,7 milhões de hectolitros (0,5% em relação ao ano anterior)”, diz trecho do relatório assinado pelos analistas Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak. A recomendação para as ações é de compra e o preço-alvo é de R$ 18,70.
O Brasil viveu em 2023 um dos anos mais quentes desde a década de 1960. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em quatro meses consecutivos, de julho a outubro, as temperaturas ficaram acima da média histórica e o mês de setembro trouxe o maior desvio desde 1961, com 1,6°C acima da média histórica no período de 1991 a 2020.
O Inmet aponta ainda que a previsão para este verão é de persistência das temperaturas elevadas em grande parte do País, variando entre 0,5°C e 1°C acima da média, criando um ambiente favorável para o consumo de bebidas.
Para o quarto trimestre, a XP projeta uma expansão de 15% da produção em relação ao resultado apurado no terceiro trimestre, período em que houve uma aceleração de 5,5% na mesma base de comparação.
No balanço do terceiro trimestre, a Ambev destacou que as marcas super premium e premium continuaram com uma performance acima da média, enquanto no segmento core plus, a família Budweiser apresentou aumento de volume próximo a 20%.
O relatório da XP não informa se a Ambev conseguiu manter esse desempenho nas três frentes. Mas destaca que, com o desempenho se mantendo alto no final do ano, a Ambev deve conseguir avançar um pouco seu market share em relação a 2022.
A XP estima que a empresa fechou o ano passado com uma participação de 72% no mercado de bebidas alcoólicas, acima dos 71% de 2022.
Levando-se em conta a expectativa de temperaturas altas ao longo do verão e a perspectiva de que o El Niño, junto com os efeitos das mudanças climáticas no mundo, mantenham os termômetros em alta, o volume de cerveja produzido tem espaço para subir.
“A atualização do modelo para 2024 sugere que a Ambev poderia aumentar mais do que os conservadores 0,8% que projetamos para o ano”, diz trecho do relatório.
Junto com volume de vendas em alta, os analistas da XP apontam para os preços baixos de commodities, o que deve ter efeitos positivos para o custo dos produtos vendidos por hectolitro (CPV/hl). Outro ponto que deve beneficiar os resultados da Ambev é o histórico positivo de aumento de preços acima da inflação nos últimos trimestres.
Por volta das 17h41, as ações da Ambev subiam 0,74%, a R$ 13,70, levando o valor de mercado a R$ 215,6 bilhões. No ano passado, elas fecharam com queda acumulada de 5,4%.