A loja de roupas americana Forever 21 foi a mais recente vítima do que se convencionou chamar de efeito Amazon nos Estados Unidos. A empresa entrou com um pedido de recuperação judicial, no domingo, 29 de setembro, e deve fechar 350 das suas 800 lojas.
As unidades que devem baixar as portas estão na Europa, Ásia e Estados Unidos – neste último, 178 endereços estão na mira. No Japão, além das lojas, o e-commerce também foi desativado. De acordo com a empresa, as operações seguem intactas apenas na América Latina. O Brasil, onde a Forever 21 chegou em 2014, conta com aproximadamente 40 pontos de venda.
A Forever 21 não soube fazer a transição do varejo físico para o online. E ela não foi a única. Quem ficou para trás no varejo online está perdendo terreno para a Amazon, que responde por 40% do varejo virtual nos Estados Unidos.
O efeito Amazon resultou diretamente no fechamento de mais de 8,5 mil lojas americanas apenas neste ano. A previsão do Coresight Research é que até o fim de 2019, este número cresça para 12 mil.
Já o banco de investimento UBS calcula que, se o ritmo do e-commerce se mantiver, outras 75 mil lojas físicas podem apagar as luzes até 2026.
A Forever 21 é apenas mais um nome ilustre a sucumbir ao efeito Amazon. Marcas tradicionais como Abercrombie & Fitch, American Apparel, Gap, Guess, J.C. Penney, Macy’s, Michael Kors, Victoria’s Secret e Diesel também estão entre as que estão fechando as portas de suas lojas.
O efeito Amazon resultou diretamente no fechamento de mais de 8,5 mil lojas americanas apenas neste ano
Esse cenário de terra arrasada que atingiu o varejo americano, no entanto, ainda não chegou ao Brasil. No ano passado, por exemplo, o balanço entre lojas que abriram e fecharam foi positivo em 4,8 mil unidades no mercado brasileiro.
Em 2019, a conta, no entanto, está no vermelho. Mas é um resultado quase que neutro. Segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), entre janeiro e março, 39 pontos de venda encerraram suas atividades no País.
Nem mesmo o avanço da Amazon, que acaba de trazer seu serviço Prime para o Brasil, parece ser suficiente, pelo menos por enquanto, para parar os planos de abertura de lojas de grandes varejistas brasileiros.
Para Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese Retail, o Brasil é um país de grandes desafios para a gigante americana de comércio eletrônico. “Mas a Amazon vai crescer, será um player importante no mercado e irá, sim, incomodar”, afirma Serrentino.
Enquanto a Amazon dá passos mais ousados no mercado brasileiro, a Magazine Luiza já declarou que vai investir R$ 50 milhões apenas no Estado do Pará, onde pretende abrir lojas em 34 municípios.
No Brasil, as vendas online representam apenas 5% do total do varejo, segundo a E-Consulting
A Via Varejo, que voltou para a família Klein, conta com mais de mil lojas e apenas 36 desses pontos são deficitários, segundo Michael Klein, presidente do conselho de administração. A Arezzo&Co prevê a abertura de mais de 50 lojas até dezembro.
Isso não significa que não há ameaças para as lojas tradicionais que não diversificarem seus canais de venda. No Brasil, as vendas online representam apenas 5% do total do varejo, segundo estimativa da consultoria E-Consulting.
É muito pouco comparado a mercados mais maduros. Nos Estados Unidos, as vendas online representam 14,3% do total de varejo. Na Inglaterra, 18%. Na China, 18,4%.
Talvez seja por isso que as lojas da Forever 21 não serão fechadas no Brasil. Mas não se enganem. O efeito Amazon pode demorar a chegar por aqui. Mas as vendas online vão crescer. E quem não se preparar para essa nova fase do varejo vai ser varrido do mapa. Pelo menos é o que ensina o exemplo americano.